domingo, fevereiro 21, 2021

A realidade dos fatos desmoraliza os cálculos de Paulo Guedes, do IBGE e da FGV

Publicado em 21 de fevereiro de 2021 por Tribuna da Internet

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Charge Marco Jacsobsen (Folha de Londrina)

Pedro do Coutto

Quando o ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, anunciou na quarta-feira que a empresa estabeleceria um novo aumento de preço da gasolina, óleo diesel e gás de cozinha, o ministro Guedes estava na mesa ao lado de Bolsonaro ouvindo a explicação do dirigente da estatal.

Guedes apoiou a decisão, aceitando o princípio de que o aumento coincidia com os preços internacionais do petróleo, forma focalizada para assegurar a saúde financeira da empresa.

INFLAÇÃO MANIPULADA – Acontece que, como Manoel Ventura, Gustavo Maia e Bruno Rosa mostraram em O Globo de sexta-feira, em um mês e meio deste ano o preço da gasolina subiu 34% e do óleo diesel, 27%.

O ministro da economia, da mesma forma que Castello Branco não levou em conta o reflexo na taxa de inflação. Na minha opinião, ambos indiretamente basearam suas posições no índice inflacionário de apenas 0,25% no mês de janeiro, confiando na pesquisa da FGV.

Erraram. Esse índice de 0,25% é simplesmente ridículo, a população sabe muito bem disso. Os preços ao longo desses 50 dias que separam dezembro de fevereiro subiram numa velocidade que esvaziou o bolso de um número enorme de brasileiros.

NÚMEROS DISCREPANTES – O IBGE apontou 4,5% de inflação em 2020. A FGV tem cálculo parecido, menos para o IGPM que rege os aluguéis entre outros itens. No ano passado, o IGPM avançou 21%. A surpresa foi tanta que os proprietários de imóveis resolveram não aplicar tal impacto, preferindo reajustes muito menores para não perder locatários.

Enquanto isso, os salários, especialmente do funcionalismo público, com exceção da magistratura e do ministério público, ficaram estacionados em 0%, como se não tivesse havido inflação. Isso torna impossível o poder de consumo ter se expandido, menos para o ministro Guedes que afirma reiteradamente que a economia vai bem. Como? Se o próprio Banco Central admite que o PIB recuou 4% ano passado, não há como o ritmo da economia ter acelerado. 

ISENÇÃO DE IPI – No meio da confusão, o presidente Bolsonaro antes de exonerar Castello Branco, assinou decreto de isenção do IPI sobre o diesel, sem ouvir o ministro da Economia.Os repórteres Bernardo Caran e Júlio Wiziack focalizam esse ponto igualmente crítico colocado por Bolsonaro.

Já o ministro Paulo Guedes perde espaço porque esqueceu que o preço dos combustíveis gera uma cascata de aumento de preços e com isso Bolsonaro perde popularidade. Além do mais, como a sociedade brasileira poderia suportar esse peso?

O Ministro das Minas e Energia Beto Albuquerque teve o desplante de dizer que Castello Branco não foi exonerado e o presidente da República apenas não o reconduziu, porque a recondução acontece de dois e dois anos e a data seria março. O titular da pasta, um almirante, mentiu ao assumir uma versão que contraria a realidade do Palácio do Planalto.