por Mauricio Leiro / Jade Coelho
As especulações para o retorno das aulas presenciais nas escolas da Bahia são muitas. Válida desde 18 de março, a interrupção das atividades nas escolas públicas e privadas do estado foi uma das primeiras medidas adotadas pelo governo estadual para tentar frear a contaminação da Covid-19. Mas o imunologista Gustavo Cabral considera “pouco provável” retomar as aulas em fevereiro.
A Bahia, e outros estados brasileiros, lidam com uma nova escalada nos casos, com aumento na ocupação de leitos e mortes pela infecção. A situação está sendo vivenciada também em outros países.
“Acho pouco provável retorno em fevereiro”, disse com base nos atuais dados da pandemia no estado. “Na verdade nem saímos da primeira onda, a Europa entrou na segunda, a gente nem conseguiu sair”, alertou Cabral, que é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), mestre em imunologia na Universidade Federal da Bahia (Ufba), doutor pela USP e pós-doutor em Oxford, na Inglaterra, e em Berna, na Suíça, onde estudou imunologia aplicada à vacina.
Cabral atualmente é pesquisador da Fapesp, onde vem estudando sobre vacinas contra Covid-19 e outras doenças. Ele comenta que a transmissibilidade ainda é muito alta no estado, e isso é um fator a ser considerado para uma decisão como o retorno das aulas.
Gustavo Cabral é baiano nascido em Tucano | Foto: Matheus Caldas/Bahia Notícias
“As aulas vão voltar naturalmente. Só que não vai ser uma volta normal, como acontece sempre. Eles vão ter que organizar”, disse ao destacar o papel das gestões estadual e municipais na retomada.
“A gente sabe que criança é muito difícil de controlar, são questões práticas”, disse ao explicar o motivo pelo qual o prudente é que o retorno das aulas seja iniciado pelos mais velhos. Segundo ele, aqueles “mais fáceis de educar e controlar".
Ainda sobre as crianças, principalmente as menores, de três a sete anos, o especialista destaca que não são as que mais transmitem o vírus. Ainda assim, o retorno delas ao convívio com outras crianças deve ocorrer sob muitos cuidados. “Mesmo transmitindo menos, lembrar que as crianças vão para a escola e voltam para casa e têm contato com o pais, os avós. E não precisa ser uma carga viral muito alta, uma carga viral mais baixa você transmite também. O problemas com as crianças é justamente pra manter os protocolos”, analisou.
A sugestão do doutor em imunologia é para que o número de alunos nas salas seja reduzido, e que seja adotado um revezamento com aulas presenciais e online.
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