domingo, janeiro 24, 2021

Detalhe importante do Datafolha: Bolsonaro perde 14 pontos no espaço de apenas um mês

Publicado em 24 de janeiro de 2021 por Tribuna da Internet

JOSÉ PEDRIALI: Ibope: aprovação de Bolsonaro segue em queda

Charge do João Bosco (Charge Online)

Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha publicada em detalhes neste sábado pela Folha, reportagem de Igor Gielow, revela que no espaço de um mês a aprovação do governo Bolsonaro caiu 14 pontos, levando-se em consideração a soma dos quesitos. O critério “bom ou ótimo” desceu de 37 (dezembro de 2020) para 31, perdendo 6 pontos. Ao mesmo tempo, a rejeição a seu governo (péssimo ou ruim) subiu de 32 para 40, com mais 8 pontos. Somando-se as duas perdas, são 14 pontos de prejuízo num só mês.

Penso que esses números na realidade não representam uma análise de seu governo. No entanto, refletem uma variação política que marca sua presença na opinião pública. Mas esta é outra questão.

TENDÊNCIA DE QUEDA – A descida de Bolsonaro corresponde tanto à subida dos que lhes são contrários quanto à diminuição dos que achavam seu governo regular. Vários são os motivos para a dança dos números, inclusive, como diz Gielow, a suspensão do auxílio de emergência às faixas de maior carência social.

Acima dos números, o importante, entretanto, é a análise das tendências que as pesquisas assinalam. Isso porque reverter tendência de queda depende da aceitação de projetos que digam respeito às condições de vida. Se não houver mudanças de rumos e projetos novos, é muito difícil reverter as tendências que se traduzem nas estatísticas.

No entanto, é expressivo o número daqueles que ainda rejeitam seu impeachment, 53% contra 42% favoráveis a medida. A meu ver, é o temor de que a iniciativa possa gerar uma crise que culmine com um ato de força.

SALÁRIOS E INFLAÇÃO – Outra reportagem, de Fernanda Brigatti, também na Folha, ilumina um fato social importante. Os acordos salariais firmados em dezembro apontam que 70% de tais acordos ficaram abaixo da inflação registrada pelo INPC e assim afetam, pela lei da gravidade, o poder de compra dos trabalhadores.

Em matéria de reposição salarial, tem de se levar em conta o fato de que os reajustes não antecedem o ritmo inflacionário, mas o sucedem. Assim, os acordos firmados em dezembro começam a perder ainda maior distância para a inflação. A corrida, na verdade, é fortemente desigual.  E a perspectiva que a reportagem revela é que a escala inflacionária atinja 7% em 2021.

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P.S.
– Ontem escrevi sobre o mercado de informação e opinião no país. Esqueci um detalhe. No caso dos jornais impressos, a média de leitura é de três pessoas por exemplar. (Pedro do Coutto)