terça-feira, janeiro 26, 2021

Bolsonaro boicota obras em São Paulo, abre cisão na direita e fica ainda mais isolado


Irritado com perguntas sobre investigação de Flávio, Bolsonaro ataca jornalistas - 20/12/2019 - UOL Economia

Bolsonaro manda cortar financiamento para São Paulo

Pedro do Coutto

Em artigo na Folha desta segunda-feira, Catarina Rochamonte focaliza com exatidão o fenômeno que causou a cisão aberta na direita, com os conservadores afastando-se dos extremistas. Dá como exemplo a carreata de domingo último, como aconteceu em várias capitais, inclusive Rio, São Paulo e Brasília.

A articulista refere-se também a um documento que reúne assinaturas de vários empresários como é o caso de João Amoedo, afastando-se de qualquer extremismo e se deslocando mais para o centro político nacional.

POSIÇÕES INACEITÁVEIS – Foi aberta assim uma nova fase do candidato que venceu nas urnas em 2018 mas que se afastou na realidade da lógica dos fatos e veio assumindo posições desconcertantes, para dizer o mínimo.                  

Sua atitude diante da vacina contra o coronavírus é completamente inaceitável, tanto absurda quanto singular, jamais vista no mundo. Por imitação, Bolsonaro seguiu por uma estrada também utilizada por Donald Trump, que organizou a invasão do Capitólio supondo que assim poderia impedir a posse de Joe Biden.

A direita, quando dominada pela extrema, produz fatos alucinados como ocorreu no Brasil em 1955, ocasião em que a UDN, liderada por Lacerda lançou-se num voo inconstitucional na tentativa vã de impedir a posse do presidente JK legitimamente eleito. O que acontece é que o extremismo, seja de direita ou de esquerda, no fundo volta-se para destruir a democracia. Em política, as ações fanáticas causam sempre enorme prejuízo ao Brasil.

BOICOTE A SÃO PAULO – Agora, Bolsonaro está sendo contestado até por grandes empresas que não conseguem realizar os projetos de obras públicas em decorrência do bloqueio estabelecido que obstrui grandes construções notadamente no estado de São Paulo.

No editorial de ontem, aliás como os grandes editoriais da imprensa, o jornal Estadão acentua que o Palácio do Planalto deu ordens aos bancos públicos para não liberar obras públicas em São Paulo. O editorial cita as do rio Tamanduateí e dos Ribeirões de Couros e de Meninos, ambas fundamentais para conter as enchentes que tem se verificado nessas áreas. É claro que a Federação das Indústrias e a Federação do Comércio têm razões para se opor ao bloqueio político. O artigo do Estadão ilumina bem o peso do impasse.

ABSTENÇÃO NO ENEM –  Reportagem na edição de O Globo também de segunda-feira, revela que a abstenção do ENEM alcançou percentual de 55%. Repete-se assim quase a mesma abstenção registrada no exame anterior. Alguma coisa está profundamente errada na educação brasileira.

O ministro Milton Ribeiro é simplesmente um ausente no processo de ensino. O vestibular é uma porta de entrada para o futuro, na medida em que os professores possam tornar-se os autores do amanhã, mas hoje a porta está fechada.