segunda-feira, dezembro 28, 2020

Reunião com partidos da esquerda consolida apoio da oposição ao deputado Baleia Rossi


Retorno da CPMF seria estelionato eleitoral”, diz Alessandro Molon“Retorno  da CPMF seria estelionato eleitoral”, diz Alessandro Molon | Folha de  Valinhos

Molon, do PSB, está animado com a união das esquerdas

Augusto Fernandes
Correio Braziliense

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para sucedê-lo na chefia da Casa em 2021, conversou nesta segunda-feira (28/12) com lideranças de PT, PDT, PSB e PCdoB e deu um passo importante para garantir a adesão dos partidos de oposição à sua campanha ao firmar o compromisso de atender as reivindicações apresentadas pela esquerda, caso eleito.

Dentre as exigências apresentadas a Baleia, os parlamentares pediram que Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) sejam colocados em votação com mais frequência. O instrumento tem o poder de suspender os efeitos de decretos assinados pelo presidente da República. Para os partidos de oposição, esse é um ponto fundamental para evitar que o presidente Jair Bolsonaro continue tomando decisões que não necessitem do aval do Congresso Nacional.

RAPIDEZ NAS CPIS – Além disso, os representantes das legendas de esquerda pleitearam ao emedebista que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sejam instaladas assim que receberem o mínimo de assinaturas necessárias para as suas criações.

Reivindicaram, ainda, que os deputados possam, cada vez mais, convocar ministros de governo para serem questionados na Câmara. Baleia ouviu também o pedido para que as comissões permanentes da Casa sejam formuladas respeitando a proporcionalidade entre os partidos.

Em vídeo publicado nas redes sociais após a reunião, Baleia disse que a conversa foi muito produtiva e destacou que está “otimista com o que estamos construindo juntos”. “Nós pudemos reafirmar os nossos pontos convergentes: de defesa da democracia, das instituições, de uma pauta de defesa do meio ambiente e das liberdades”, destacou.

PERMANENTE DIÁLOGO – “Claro que a democracia prevê o amplo e permanente diálogo. Cada líder, cada presidente de partido vai se reunir com a sua bancada. Mas saio muito otimista pela união do centro com a esquerda democrática para a gente poder caminhar nessa candidatura.”

Participaram do encontro os deputados Enio Verri (PT-PR), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Guimarães (PT-CE), Carlos Zarattini (PT-SP), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Wolney Queiroz (PDT-PE), Mário Heringer (PDT-MG) e Alessandro Molon (PSB-RJ), além de Rodrigo Maia, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. e a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.

REUNIÃO POSITIBVA – Segundo Molon, a reunião foi positiva. “Ficou claro que o deputado Baleia Rossi, como presidente da Câmara, será um presidente da com independência e que vai garantir o devido espaço à oposição, como manda a Constituição e o regimento. Os partidos de esquerda caminham todos para essa posição (de apoiar Baleia), que é a posição correta. Estamos muito otimistas com a campanha, confiando muito na nossa vitória. Nosso bloco é, de longe, o maior. Isso aumenta muito as nossas chances de vitória”, disse ao Correio.

O deputado comentou que, agora, cada partido vai trabalhar internamente para firmar o apoio a Baleia. Ele lembrou que o fato de Bolsonaro ter declarado nesta segunda que é a favor da candidatura de Arthur Lira (PP-AL) serve como combustível para a oposição selar o suporte ao deputado do MDB.

VOTO A VOTO – “Agora, nós vamos trabalhar o voto a voto para garantir que todos os deputados dos nossos partidos votem no Baleia Rossi. A declaração do presidente só nos ajuda, porque deixa claro que o candidato dele é o Arthur Lira mesmo e que, portanto, quem é de oposição precisa votar no outro candidato”, frisou Molon.

A princípio, Baleia tem o apoio confirmado de 11 partidos: DEM, MDB, PSDB, PSL, Cidadania, PV, PT, PSB, PDT, Rede e PCdoB. Considerando que 12 deputados do PSL estão com as funções partidárias suspensas, esse bloco corresponde a 280 parlamentares. Apesar disso, alguns partidos ainda resistem em aceitar o nome do emedebista, em especial o PT.

O incômodo do partido é por conta do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. À época, Baleia votou a favor da destituição da petista.