Paulo Renato Soares
Jornal Hoje
O auditor da Receita Federal citado pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) como possível responsável por vazamento de informações foi exonerado do cargo de chefia do escritório da corregedoria do órgão, no Rio de Janeiro. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira (3).
O documento registra que o auditor-fiscal Christiano Paes Leme Botelho pediu para sair do cargo de chefe do escritório da corregedoria da Receita Federal na capital fluminense. Ele foi exonerado a pedido.
BONS SERVIÇOS – Paes Leme estava no cargo havia pelo menos 15 anos e, durante este período, coordenou trabalhos que ajudaram a força-tarefa da Lava Jato em duas investigações contra auditores fiscais sob suspeita de cobrar propina de empresários investigados.
A defesa de Flávio Bolsonaro tenta anular provas da investigação de rachadinha contra o senador alegando que os dados fiscais dele foram acessados irregularmente.
O jornal “Folha de S.Paulo” diz que a defesa de Flávio Bolsonaro não acusa diretamente o auditor, mas teria apontado casos semelhantes que supostamente envolveram Christiano para tentar provar que havia esta prática.
REUNIÃO NO PLANALTO – Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com advogados de Flávio Bolsonaro e convocou para o encontro o chefe do gabinete de segurança institucional, ministro Augusto Heleno, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. O objetivo era identificar falhas na conduta da Receita Federal, mas eles não encontraram provas de qualquer irregularidade.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, chegou a abrir uma apuração preliminar sobre uma suposta mobilização de órgãos do governo federal para tentar anular investigações do caso das rachadinhas, que envolve o senador Flávio Bolsonaro. Mas, até agora, não houve avanços.
COM PAI E FILHO – A Receita Federal já confirmou que, em setembro, houve um encontro fora da agenda oficial entre o secretário do órgão, José Tostes, e Flávio Bolsonaro.
Também confirma o encontro fora da agenda no Palácio do Planalto ente Tostes e o presidente Bolsonaro, cerca de uma semana após o encontro com Flávio.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não é preciso ser nenhum gênio para constatar que o presidente Bolsonaro e o filho Flávio estão fazendo o possível e o impossível para evitar que os crimes cometidos pelo hoje senador sejam investigados e ele responda a processo, tal a abundância de provas. Mas essa pressão pode ter efeito contrário e mobilizar o Ministério Público e a Polícia para apurar os fatos com a profundidade esperada. As cartas estão na mesa e o jogo ainda vai demorar. (C.N.)