segunda-feira, novembro 23, 2020

Questão ambiental será dominante na relação entre Brasil e EUA no governo de Joe Biden

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Erros de Bolsonaro ameaçam exportações, diz Monica de Bolle 

Deu no Estadão

O Brasil vai ter no meio ambiente o fio condutor das relações bilaterais com o governo Joe Biden, disseram especialistas durante evento promovido nesta quinta-feira, 19, pelo Insper  e pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). Eles alertaram que será extremamente importante não apenas para o governo brasileiro, mas principalmente para o setor privado e agrícola, trabalhar para reverter a imagem de “vilão ambiental” que foi construída pelo País no exterior.

“Ainda não existe um posicionamento claro na equipe de Biden sobre o meio ambiente e como essa questão será tratada dentro do governo democrata, mas é claro que ela será essencial”, diz Monica de Bolle, pesquisadora do Petterson Institute e professora da Universidade Sais/Johns Hopkins. Ao lado de outros especialistas, ela participou de uma série especial promovida pelo Insper sobre os impactos do governo Biden para o Brasil.

SUSTENTABILIDADE – Apesar das indefinições que antecedem a posse do democrata, já é possível dizer que a sustentabilidade será o pilar principal da relação EUA-Brasil. “A pauta ambiental será de extrema importância para o País e pode ajudar a aliviar outras barreiras ideológicas que Bolsonaro evidentemente possui em relação a Biden”, analisa Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da consultoria Eurasia.

Entre os pontos que o País precisa melhorar, Garman cita a necessidade do governo se empenhar nas negociações do Acordo de Paris e da próxima reunião da Conferência das Nações Unidas Sobre a Mudança Climática, a COP-25, que em virtude da pandemia, acontecerá em novembro de 2021.

Ao seguir por esse caminho, o País terá condições melhores não apenas para fazer negócios com os Estados Unidos, mas também com importantes potências da Europa, algo que está sendo perdido diante da atual imagem de vilão ambiental.

POTÊNCIA AMBIENTAL – “Temos uma agricultura e economia visivelmente sustentáveis, com um ótimo desempenho na preservação ambiental e um marco único de preservação do solo”, destaca Alexandre Mendonça de Barros, especialista em agronegócios e professor da Fundação Getúlio Vargas.

“Temos tudo para ser economicamente e socialmente uma grande potência ambiental, porém, acredito que vai demorar algum tempo até que o mundo volte a ver e reconhecer o potencial brasileiro”, analisa Barros.

A mudança na forma como o governo lida com as questões ambientais, no entanto, não deve partir apenas das lideranças políticas.

PRESSÃO AO GOVERNO – “É muito importante, nesse momento, que o setor privado, principalmente o agro, que pode ser um dos mais afetados em um eventual impasse ambiental com Biden, pressionem o governo a agir de forma diferente e contenham os eventuais impulsos de Bolsonaro de debater mais rispidamente essa questão com o presidente americano”, diz Monica de Bolle.

Se os índices de desmatamento na Amazônia voltarem a piorar durante a gestão Biden, o País poderá receber algumas punições do governo americano.

RISCO DE SANÇÕES –“Biden certamente não dará tanto valor para as birras ideológicas do governo, mas poderá reagir duramente se Bolsonaro continuar agindo com descaso em relação ao meio ambiente, que é uma das grandes bandeiras democratas”, diz Garman.

“Biden sabe a importância das relações com o Brasil e não vejo os Estados Unidos impondo sanções muito duras ao comércio brasileiro, mas acredito em um cenário no qual os americanos poderão aumentar os impostos cobrados sobre produtos chaves que o País exporta aos EUA”, conclui.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O chanceler Ernesto Araújo, no entanto, prefere transformar o Brasil num pária isolacionista, ao invés de inseri-lo no mercado global. Vamos pagar caro por essa política errática e injustificável, adotada por um governo sem dedicação ao interesse público. (C.N.)