Deu no G1
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou nesta terça-feira, dia 24, a abertura de um processo administrativo disciplinar para apurar condutas da desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em postagens nas redes sociais.
Entre as postagens da desembargadora havia ofensas à vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018. Além de afirmar que a vereadora tinha ligação com criminosos, a desembargadora também escreveu que Marielle foi eleita por uma facção criminosa – ambas, acusações falsas.
INVESTIGAÇÃO – A magistrada será investigada por ataques a políticos com atividade político-partidária e ainda por supostas manifestações discriminatórias – incluindo discurso contra transexuais e pessoas com pessoas com síndrome de Down.
Em outro post, Marília Castro Neves dizia que Guilherme Boulos (PSOL), à época um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), seria recebido “na bala” depois do decreto do presidente Jair Bolsonaro que facilitou a posse de armas. O CNJ decidiu reverter uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio que arquivou o caso por entender que não havia indícios de infração disciplinar.
IDEOLOGIA – O conselho seguiu o voto da ministra relatora e corregedora Nacional de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura. A ministra afirmou que a desembargadora deixou de manter conduta irrepreensível na vida pública e particular. Ainda segundo a corregedora, as postagens sobre Boulos são manifestações que parecem evidenciar ataques em razão da ideologia do político atingido e em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Em relação a Marielle, a corredora disse que as mensagens sobre o assassinato parecem representar suas posições na arena política. “O compromisso da Justiça com uma resposta imparcial com o fato criminoso parece ter sido colocado em segundo plano”, afirmou.
A defesa da desembargadora Marília Castro Neves diz que as postagens estavam resguardadas por liberdade de expressão, tendo apresentado opinião pessoal sem entrar na seara política. Os advogados também afirmam que a rede social é fechada, e que Marília não se apresentou como magistrada nos fóruns onde fez as postagens.