sexta-feira, outubro 30, 2020

Paulo Guedes se tornou um doentio exterminador de direitos dos servidores


Ministro Paulo Guedes. Charge: Charge Online, Aziz

Guedes é um fracasso como condutor da equipe econômica

 

Vicente Limongi Netto

Firme, esclarecedor e pertinente, o artigo do presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União( Sindilegis), Petrus Elesbão, “A hora do servidor: reforma administrativa silenciosa” (Correio Braziliense- 29/10), retrucando e repudiando as costumeiras pantomimas do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra os servidores, sem lembrar que são os funcionários públicos que estão enfrentando a pandemia. 

Petrus Elesbão salienta com rigorosa clareza: “A estratégia batizada por Paulo Guedes de “reforma administrativa silenciosa” é bastante simplória para um economista com ego de dimensões astronômicas como o do ministro: não repor servidores aposentados e deixar a inflação corroer o salário dos ativos. A cada 100 baixas, o governo repõe 26″.

NA CONTRAMÃO – O sindicalista acredita que as propostas de Guedes vão na contramão da legalidade e do bom senso. A seu ver, “é,  no mínimo, bastante ingênuo supor que a tecnologia é capaz de substituir o trabalho de 74 pessoas em todas as áreas em que o Estado brasileiro atua, mesmo as de natureza burocrática”.

O autor do enfático artigo vai além: “Ontem, 28 de outubro, foi Dia do Servidor. Tento manter o otimismo e acreditar que esta pandemia que está causando tanto sofrimento a todos nós, mais especialmente aos mais desprotegidos, derrubou os últimos pilares que  ainda sustentavam o delírio liberal que movia o governo pelas mãos do ministro Paulo Guedes”.

DIZIA LACERDA – Recordo palavras do ex-governador, ex-deputado federal e memorável tribuno, Carlos Lacerda: “O servidor público não ganha eleição. Mas atrapalha bastante”. 

Petrus Elesbão e dirigentes do Sindilegis contam com o apoio do respeitado senador Reguffe( Podemos-DF) para colocar freios nas sandices delirantes de Guedes. O senador quer que o Sindilegis participe dos debates sobre o tema. A exemplo do Sindilegis,

Reguffe é contra o fim da estabilidade. Propõe, nesse linha, a adoção de uma avaliação de desempenho com critérios claros como parâmetro para a eficiência dos servidores públicos.

UM ERRO FEIO – Alexandre Garcia aproveitou a patética, tenebrosa, risível, inacreditável e indigna sandice do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros(PR-PR) propondo plebiscito para elaboração de uma nova Constituição, e saiu também criticando a Carta Magna.

O veterano jornalista deu uma explícita gauchada e errou feio (Correio Braziliense-28/10), chamando Nelson Jobim de “dínamo” da Constituinte. Dínamo de quê e por quê, Alexandre? Deus castiga. 

Entre todos os parlamentares daquela saudável época da política brasileira, que resultou na Constituição, pode-se afirmar, por dever de justiça, e sem medo de cometer excessos, que os legítimos dínamos dos estafantes trabalhos, foram o relator-geral, deputado Bernardo Cabral e seus relatores adjuntos, Antônio Carlos Konder Reis,  Adolfo de Oliveira e José Fogaça. Todos incansáveis. Trabalharam feito mouros. Jobim foi apenas um dos adjuntos e cometeu gravíssimo crime, ao introduzir dispositivo do agrado dos banqueiros, sem que tivesse sido aprovado pelos constituintes.

APENAS PALPITEIROS – Muitos políticos, alguns renomados, entrarão na história daquela quadra, apenas como inesquecíveis palpiteiros.  Nesse sentido, em defesa e valorização da Constituição, transcrevo declaração do procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União(TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, em expressiva entrevista ao programa CB.Poder, publicada também na edição do Correio Braziliense de 28/10:

“A Constituição é muito boa. Os problemas de governabilidade, grande parte decorre de má gestão econômica. Quando o país estava crescendo, com a situação fiscal bem, ninguém falava da Constituição”.