sábado, outubro 24, 2020

Oposição quer CPI para apurar uso do GSI e da Abin contra investigações em caso da “rachadinha” de Flávio


Defesa de Flávio se reuniu com Bolsonaro, Heleno e Ramagem

Julia Lindner
O Globo

Integrantes da oposição no Congresso querem investigar se o governo usou a estrutura de Inteligência de Estado para proteger familiares do presidente Jair Bolsonaro. Na visão deles, a prática poderia representar crime de responsabilidade. Parlamentares do PSB e da Rede também defendem o afastamento do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

Conforme revelou a coluna de Guilherme Amado, da revista  Época, representantes da defesa de Flávio Bolsonaro se reuniram com Jair Bolsonaro, Heleno e Ramagem, em agosto, para expor uma tese que poderia derrubar o caso Fabrício Queiroz. Na ocasião, as advogadas pediram ajuda para encontrar provas que mostrem que Flávio foi vítima de uma organização criminosa dentro da Receita Federal.  

ALVO DE INVESTIGAÇÃO – Após a reportagem, os advogados do senador admitiram que apresentaram ao GSI as suspeitas de que o parlamentar teria sido alvo de uma investigação atípica por parte da Receita. O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), anunciou nesta sexta-feira, dia 23, que iniciou o processo de coleta assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apure se o GSI e a Abin atuaram para interferir em investigações do Ministério Público que envolvem o senador Flávio.

Para Molon, Bolsonaro não pode usar a força do cargo para ter acesso a dados sigilosos. “É um ataque à Constituição e às leis do país o presidente da República usar seu cargo público e as instituições de inteligência para tentar livrar seu filho de uma investigação criminal, conduzida pelo Ministério Público. Não é assunto de segurança familiar, mas de blindagem da família contra a aplicação da lei”, disse o deputado.

Enquanto isso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai ingressar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo afastamento de Heleno e Ramagem, além de uma ordem contra Bolsonaro para que ele se abstenha de fazer solicitações à Receita sobre o caso Queiroz.

USO POLÍTICO – “Esse caso revela o uso político das instituições da República para fins particulares e, o que é pior, para desviar e impedir uma investigação contra a corrupção”, afirmou Randolfe.

A oposição também pretende requerer a convocação de Heleno e do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que prestem esclarecimentos ao Congresso. Também deverão ser solicitadas informações das duas pastas sobre o caso