Pedro do Coutto
Excelente reportagem de Cleide Silva e Giovana Girardi, O Estado de São Paulo deste domingo, destacando os ativos cobertos de verde da floresta Amazônica que impulsionam a bioeconomia, desafiando autores do desmatamento e incendiários da floresta verde, o que corresponde, em incendiar tanto o presente quanto o futuro.
O avião, no caso, desceu em Jacareacanga, cidade que foi palco da primeira tentativa de insurreição contra o governo JK em 1956, como lembra Bernardo Mello Franco também num artigo da edição de O Globo.
PISTA DE POUSO – Jacareacanga, hoje, transformou-se em uma pista de pouso para conduzir a Brasília garimpeiros que se tornaram inimigos dos indígenas e do oxigênio, na medida em que se lançam para destruir um espaço altamente necessário por todos os motivos que se conhecem e provavelmente pelos motivos que ainda se desconhecem.
Vou dividir este artigo em duas faces. Uma da História Política outra da bioeconomia e do aproveitamento agrícola da Amazônia que representa 55% do território do Brasil.
Cleide Silva e Giovana Girardi destacam o universo de startups que podem ser desenvolvidos respeitando a floresta e ao mesmo tempo capazes de fomentar uma economia que está pronta para amanhecer.
SENTIDO ECOLÓGICO – Esta economia amazônica reúne grupos empresariais e investidores imbuídos do sentido ecológico, além de ambientalistas que se preocupam com o desenvolvimento da região, preservando-a da cobiça ilegal, cobiça que vem encontrando omissão ou apoio por parte do ministro Ricardo Salles.
Esses grupos baseiam-se na ideia de fazer com que a contribuição da floresta verde possa se refletir no PIB do país. Tal projeto abrange também as comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e agricultores familiares. A floresta Amazônica em matéria de produção sustentada, vai do açaí à produção de cosméticos, além de produtos que despertam interesse da Alemanha e de outros países.
REBELIÃO NO AR – Mas falei em Jacareacanga, como Bernardo Mello Franco tocou. O movimento de rebeldia contra JK foi liderado pelo major Veloso e pelo capitão Lameirão, da Aeronáutica. Seria repetido sob a mesma liderança de agosto para setembro de 1960, ano da eleição presidencial vencida por Jânio Quadros. Só que na segunda revolta o pouso aconteceu na cidade de Aragarças. Durou dois dias e seus integrantes foram presos. Da mesma forma do que agiu em 56 o presidente JK os anistiou em 1960.
Neste caso a preocupação mobilizou logo o deputado Carlos Lacerda, candidato a governador da Guanabara e principal apoiador da candidatura Jânio Quadros, junto com Júlio Mesquita Filho, do Estadão. Lacerda temia que o fato pudesse se refletir nas urnas de outubro.
Veloso desistiu de atos subversivos. Mas Lameirão nem tanto.
BOMBA NO RIO – O presidente João Goulart havia reatado relações com a URSS. A União Soviética. em 1962. montou no Rio, Campo de São Cristóvão, exposição de seus produtos. Era um sábado. Eu visitava junto com José Lino Grinewald a exposição. De repente entra esbaforido o governador Carlos Lacerda determinando nervosamente que o público se retirasse do local. Perguntei a ele qual o motivo. Em poucas palavras ele transmitiu a causa numa suposta bomba colocada exatamente por Lameirão.
Se existia mesmo a bomba ou era um delírio de Lameirão o fato é que ela não explodiu. Se explodisse seria motivo suficiente para uma intervenção federal no Estado da Guanabara. A história seria outra.