quarta-feira, agosto 26, 2020

Ao recorrer a fake news, adeptos de Bolsonaro confessam a estupidez do presidente


Charge do Miguel Paiva (Site 247)
Pedro do Coutto
Reportagem de Daniel Giullino, Fernanda Alves, Marlen Couto e Paula Ferreira destaca a farsa adotada pelos adeptos mais próximos de Bolsonaro na tentativa de apagar a estupidez cometida contra um repórter de O Globo no domingo, diante de muitas testemunhas. A reportagem está publicada na edição de terça-feira, e revela o desastre que o presidente da República cometeu na agressão a um jornalista.
Transtornou-se, partiu para a agressão, pressionado pela explicação impossível envolvendo depósitos feitos na conta bancária da primeira-dama Michele Bolsonaro.
A violência da resposta, penso, foi proporcional à culpa confessada. Isso porque não existe explicação lógica para o movimento bancário que teve como protagonistas Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e Márcia Aguiar. A Kopenhagen nunca foi tão noticiada como no caso Flávio Bolsonaro. Se a falsificação resolvesse questões criminais, nenhum culpado seria preso.
SALÁRIOS DE SERVIDORES -A Fundação Getúlio Vargas divulgou importante comparação entre os salários dos servidores e dos trabalhadores da iniciativa privada. Reportagem de Fernando Canzian, Folha de São Paulo, também de terça-feira, destaca o trabalho da FGV, entretanto sem estabelecer a diferença entre um universo e outro da administração. É claro que os servidores das estatais, como Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil e do Banco Central, para ficarmos apenas nesses exemplos, ganham bem mais do que os funcionários públicos federais, estaduais e municipais.
A confusão ganha dimensões maiores se incluídos como se funcionários públicos fossem os concessionários dos cartórios públicos. Por aí se vê a distorção abrangida na matéria que não faz a separação devida entre os citados. Mas não foi somente esse o grande equívoco, embora já suficiente para revelar a falta de norte no trabalho da FGV.
TABELIÕES – A Fundação Getúlio Vargas acentuou que os donos de cartórios têm renda mensal média de 100 mil reais. Mas francamente o que tem isso a ver com as carreiras do funcionalismo público? A concessão de Cartórios pode ser considerada medieval e uma característica da monarquia brasileira que ainda resiste ao tempo. Mas não é esta a questão.
A FGV diz que o governo federal e os governos estaduais e municipais despendem por ano 920 bilhões de reais e que tal volume deveria ser reduzido. À primeira vista o número pode impressionar. Inclusive na fixação percentual que tal despesa representa em função do teto orçamentário.
ORÇAMENTOS TOTAIS –  Entretanto, o teto federal é de 3,6 trilhões de reais e para que o cálculo fosse exato teriam de ser computados os valores dos orçamentos dos estados e municípios. São 27 estados e 5.600 municípios.  A FGV esquece também que os servidores das estatais têm direito ao FGTS. Os funcionários públicos não.
A comparação portanto tem de incluir as diferenças entre um tratamento e outro. Os servidores das estatais são celetistas. Os do Banco Central também. Os altos salários encontram-se nas estatais, e quanto ao funcionalismo os melhores vencimentos encontram-se no Poder Judiciário. Para iluminar as controvérsIas os pontos divergentes têm de ser considerados. A FGV não considerou.