sexta-feira, julho 03, 2020

Sonho do golpe militar acabou e agora Bolsonaro tem de enfrentar a realidade


Charge compartilhada por Rogéria, ex-mulher de Bolsonaro
Carlos Newton
Para suavizar e anestesiar, o golpe militar estava sendo apelidado de “ruptura institucional” ou “intervenção constitucional”. Porém, mudar a denominação significa apenas dourar a pílula, como se dizia antigamente, não muda nada nem resolve os gravíssimos problemas do país. Mas o importante é que o sonho do golpe militar acabou, simplesmente porque as Forças Armadas não o aceitam e defendem uma saída democrática para a crise política.
Bolsonaro e seus fanáticos adoradores precisam entender que o Brasil não precisa de golpe militar, nossa necessidade básica hoje é de um governo sério e capaz, que possa nos conduzir em meio à maior crise socioeconômica da História recente, pior do que a Grande Depressão de 1929.   
MOMENTO DE TRÉGUA –  No caso das loucuras de Bolsonaro, estamos tendo hoje apenas um momento de trégua, causado pela severa intervenção da ala militar do Planalto, que ganhou maior peso desde o desembarque do general Braga Netto na Casa Civil. Nitidamente, ele está lutando para fazer o governo sair do imobilismo, inclusive atropelando o outrora todo-poderoso ministro da Economia, Paulo Guedes, que hoje é apenas um fracasso ambulante.
O problema é que Bolsonaro não governa e ainda atrapalha. A reunião ministerial do dia 22 de abril, por exemplo, tinha como finalidade o lançamento do plano anticrise arquitetado por Braga Netto, mas o vídeo gravado mostra apenas um presidente descontrolado, a provocar então o ministro Sérgio Moro, para exigir interferência na Polícia Federal para defender a família e os amigos, em suas próprias palavras.
O importantíssimo plano anticrise foi pouco falado. mas teve destaque o pronunciamento a respeito que fez o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que deve ser considerado o melhor ministro da atualidade.
NÃO TEM CONDIÇÕES – Está mais do que claro que Bolsonaro não tem condições de governar. Por isso, desta vez a ala militar agiu com o rigor que se esperava desde a posse. Enquadrou Bolsonaro, os filhos e o guru Olavo de Carvalho, que agora deve se acalmar com o socorro financeiro da “rachadinha” com seu aluno Abraham Weintraub, segundo rola na central de boatos de Brasília.
Foi louvável e absolutamente necessária essa intervenção da ala militar, que significa a última chance para Bolsonaro passar a agir como presidente, abandonando o demagógico papel de eterno candidato, estilo outrora adotado por Jânio Quadros, e todo mundo sabe que não funcionou.
###
P. S. –
 Resta saber quanto tempo Bolsonaro aguentará, antes de explodir. Ele e os filhos não foram calados e contidos por livre e espontânea vontade. Aqui na trincheira democrático da TI, calculamos essa trégua em 15 dias, dos quais já se passaram cinco. Vamos aguardar. Posso estar errado, é claro, com Bolsonaro transformado num novo Itamar Franco, mas receio que isso não possa acontecer. E la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)