quarta-feira, julho 08, 2020

Celso de Mello arquiva pedido para investigar ameaça de Heleno ao regime democrático


Apreensão de celular de Bolsonaro é 'inconcebível', diz general ...
Ao defender Jair Bolsonaro, Heleno ultrapassou todos os limites
José Carlos Werneck
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu arquivar um pedido da oposição para investigar o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
A decisão é referente às declarações do chefe do GSI, que, em nota oficial, disse das “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, caso o Supremo autorizasse a apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro, objetivando apurar se o chefe da Nação tentou interferir politicamente na Polícia Federal.
INACREDITÁVEL E INCONCEBÍVEL – A declaração do ministro Augusto Heleno, “Nota à Nação Brasileira”, foi considerada “inacreditável e inconcebível” por Celso de Mello, que é, também, o relator do inquérito que investiga o presidente da República e, no mês de junho, igualmente, decidiu arquivar o pedido para apreender o celular de Bolsonaro.
Em sua nova decisão, Celso de Mello arquivou o pedido da oposição para investigar o ministro do GSI, salientando que não cabe a terceiros pedir a apuração do episódio e sim ao Ministério Público.
“Nada pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da República, estejam estes no desempenho, ou não, de funções públicas, sob pena de transgredir-se o valor fundamental que informa a própria configuração da ideia republicana, que se orienta pelo vetor axiológico da igualdade”.
PRETORIALISMO – Em seu entendimento , em meio de grave crise política, econômica, social e sanitária, podem, algumas vezes, “insinuar-se pronunciamentos ou registrar-se movimentos que parecem prenunciar ensaios de retomada, absolutamente inadmissíveis, de práticas estranhas (e lesivas) à ordem constitucional, típicas de um pretorianismo que cumpre repelir, qualquer que seja a modalidade que assuma: pretorianismo oligárquico, pretorianismo radical ou pretorianismo de massa”.
“A nossa própria experiência histórica revela-nos, e também nos adverte, que insurgências de natureza pretoriana culminam por afetar e minimizar a legitimidade do poder civil e fragilizar as instituições democráticas, ao mesmo tempo em que desrespeitam a autoridade suprema da Constituição e das leis da República e agridem o regime das liberdades fundamentais, especialmente quando promovem a interdição do dissenso!”.
LIMITR INULTRAPASSÁVEL – O ministro ressaltou que “tudo isso é inaceitável, porque o respeito indeclinável à Constituição e às leis da República representa limite inultrapassável a que se devem submeter os agentes do Estado, qualquer que seja o estamento a que pertençam, eis que, no contexto do constitucionalismo democrático e republicano, ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade da Lei Fundamental do Estado”.
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NOTA DA REVISÃO DO BLOG
 – Celso de Mello “afinou”, como se dizia antigamente. Esse argumento técnico teria de ser usado ao receber a petição, meses atrás. (C.N.)