domingo, junho 28, 2020

Três procuradores deixam Lava Jato em protesto contra interferência da Procuradoria


Força-tarefa da Lava Jato no PR aciona corregedoria após auxiliar ...
Equipe da Lava Jato não forneceu informações sigilosas
Camila Bomfim e Márcio Falcão TV Globo — Brasília
Três procuradores decidiram deixar o grupo da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, devido a uma divergência da PGR com a força-tarefa da operação no Paraná. Duas fontes confirmaram à TV Globo que a saída dos três é uma reação ao pedido da coordenadora da Lava Jato na PGR, subprocuradora Lindora Maria Araújo, de acesso a dados das forças-tarefas da operação nos estados.
Os procuradores que decidiram deixar os cargos no grupo são Hebert Reis Mesquita, Victor Riccely Lins Santos e Luana Macedo Vargas. Permaneceram no grupo a própria Lindora Araújo, além de Alessandro José Fernandes de Oliveira e Leonardo Sampaio de Almeida. Uma quarta procuradora, Maria Clara Noleto, também deixou a Lava Jato na PGR, mas no início deste mês, também por divergências.
NOTA DE MORO – Neste sábado, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro divulgou a seguinte nota sobre o assunto: “Aparentemente, pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba. Não há nada para esconder nas investigações, embora essa intenção cause estranheza. Registro minha solidariedade aos procuradores competentes que preferiram deixar seus postos em Brasília.”
A força-tarefa da Lava Jato no Paraná levou o caso à Corregedoria Nacional do Ministério Público Federal. Relatou que nas últimas quarta (24) e quinta-feira (25), Lindora Maria Araújo fez uma visita ao grupo do Paraná e tentou obter informações sigilosas.
Segundo o relato dos procuradores, a chefe da Lava Jato na PGR buscou acesso a procedimentos e bases de dados da força-tarefa “sem prestar informações” sobre a existência de um processo formal no qual o pedido se baseava ou o objetivo pretendido. O pedido de providências à corregedoria, dizem os procuradores do Paraná, foi feito “como medida de cautela” e “para prevenir responsabilidades”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A coisa está feia. Depois que o presidente Bolsonaro forçou o então ministro Sérgio Moro a se demitir em protesto contra interferência em investigações sigilosas, parece que esse procedimento totalmente fora de ética virou uma rotina, para esculhambar o trabalho de três instituições que orgulham o país e criaram a Lava Jato – o Ministério Público Federal, a Receita e a Polícia Federal. É uma vergonha o que está acontecendo. A TI estará sempre solidária com a Lava Jato e seus notáveis profissionais. Os governantes sem caráter passam, mas as instituições permanecem. (C.N.)