terça-feira, junho 30, 2020

Se o PIB recuar 6,4%, o país perde R$ 392 bilhões, mas o recuo será bem maior


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Charge reproduzida do Arquivo Google
Pedro do Coutto
Se os fatos confirmarem a previsão do Banco Central em relação ao recuo do Produto Interno Bruto neste ano, a economia brasileira perderá 392 bilhões de reais. Entretanto, o FMI já calcula um retrocesso de 9,1% e há instituições que chegam a estimar em 12% a perda da economia brasileira, que  passará a algo acima de 800 bilhões de reais. Explico por quê.
O PIB de nosso país alcança 6,6 trilhões de reais, e a dívida interna eleva-se a 4,2 trilhões de reais, agora ao juros anuais de 2,25% a/a. Nem o PIB nem a dívida interna têm a ver com o Orçamento da União para este ano, a chamada Lei de Meios, que atinge o teto de 3,6 trilhões de reais.
DEFICIT DA PREVIDÊNCIA – De passagem, comento que percentualmente o déficit da Previdência Social representa menos de 10% desse montante do Orçamento. Mas a percentagem sobe se o Ministério da Economia continuar projetando-o sobre a receita tributária que fica contida na metade do Orçamento.
A respeito de cálculos percentuais, lembro que o ministro Roberto Campos, avô do presidente do Banco Central, dizia sempre em seus artigos semanais em O Globo e no O Estado de São Paulo, que a análise de percentuais obrigatoriamente tem de citar os números absolutos sobre os quais esses cálculos se referem. Caso contrário, ficamos sem saber com exatidão a verdade entre as comparações fracionárias e as integrais.
Reportagem de Karen Garcia e Patrícia Vale, O Globo de segunda-feira, revela que com a queda dos juros à base da Selic o FGTS passou a ser uma opção para quem o possui, pois o fundo está girando com 3% ao ano, somados ao percentual de lucro que ele apresenta. O saldo atual do FGTS é de 410 bilhões de reais. Karen e Patrícia lembram que com a queda da Selic reduziram-se também as aplicações em nota do tesouro, CDI e CDB.
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PERY COTTA E FOLHA RELEMBRAM A DITADURA
No mais recente almoço que reuniu antigos jornalistas do Correio da Manhã, Pery Cotta narra o que atingiu a população brasileira, de modo geral, e o jornalismo em particular, principalmente logo após o Ato Institucional nº 5 de dezembro de 1968.
 Forças policiais invadiram o Correio da Manhã, prendendo o diretor Oswaldo Peralva, o colunista Carlos Heitor Cony e o próprio Pery Cotta acusados de terem se colocado contra a violenta medida excepcional.
Foi presa também Niomar Moniz Sodré, proprietária do jornal que herdou de seu marido Paulo Bitencourt.  Foram tempos difíceis nos quais a tortura física e psicológica passou a ser usada como instrumento para obter confissões.
TORTURA COMPROVADA – O livro de Pery Cotta contém inclusive uma entrevista que ele fez com o temido Brigadeiro Bournier, na qual o militar reconhecia a prática da tortura. A tortura, digo eu em conjunto com Pery Cotta, representa a face mais odienta das ditaduras.
A partir de domingo passado a Folha de São Paulo iniciou uma série de reportagens sobre os porões da fase ditatorial para que se incorpore a história do Brasil para sempre. E a obra de Pery Cotta recebeu destaque especial.
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BOLSONARO NÃO CONSEGUE MANTER DECOTELLI
Na minha opinião, e com base na reportagem de Paula Ferreira, Naira Trindade, Daniel Giulino e Leandro Prazeres, em O Globo, creio que os esforços do presidente Bolsonaro para manter Carlos Decotelli no Ministério da Educação teriam se transformado em tempo perdido.
A reportagem sobre as farsas do pseudo ministro (foi até nomeado), que quase ocupa uma página inteira, revela que o Palácio do Planalto já se encontra analisando outros nomes para o cargo. A reação negativa da área universitária a Decotelli é um peso enorme para o governo.