quinta-feira, junho 04, 2020

Era só o que faltava! O país está parado, à espera do golpe militar de Bolsonaro

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Charges: Nova (velha) modalidade!
Charge do Genildo (Arquivo Google)
Carlos Newton
Certas situações são realmente inadmissíveis. Basta analisar o Brasil. Quinto maior país em extensão, sexto em número de habitantes, é uma das dez maiores economias, possui o maior volume de água doce na superfície e no subsolo, condições de luminosidade e irrigação incomparáveis em termos de produção agrícola, riquíssimas jazidas minerais a serem exploradas, dispõe de uma indústria bastante diversificada e tem um potencial enorme para produção de energia renovável (hidrelétrica, eólica e solar).
Mesmo assim, o Brasil não decola e hoje os investimentos internos e externos estão suspensos, à espera do golpe militar pretendido por Bolsonaro.
GOLPE ESCANCARADO – Se ainda estivesse entre nós, o genial humorista Apparicio Torelli, conhecido como Barão de Itararé, estaria impressionado com o fato de o Brasil ter se tornado um país em que golpe militar é preparado às escâncaras e todos ficam esperando marcar a data. É claro que o Barão repetiria seu famoso bordão – “Era só o que faltava…”.
Realmente, qualquer um se espanta diante de uma maluquice dessas, com as atenções voltadas para um suposto golpe militar, cuja preparação há meses vem sendo divulgada pela família Bolsonaro, com elogios abertos ao regime militar de 1964 e até mesmo ao Ato Institucional nº 5.
De início, essas referências foram encaradas como se fossem folclóricas, eram levadas na brincadeira. No entanto, pouco a pouco o radicalismo foi prevalecendo, até começar uma organizada campanha visando a um novo golpe militar.
UM PLANO EQUIVOCADO – Ainda bem que a estratégia de Bolsonaro para se tornar ditador é infantil e inadequada. Ele resolveu trilhar o pior caminho, ao tentar “comprar” os militares em duas etapas – aumentando os soldos e deixando as Forças Armadas de fora da reforma da Previdência.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro foi progressivamente montando um governo militar. Segundo Levantamento do Ministério da Defesa, feito a pedido das repórteres Tânia Monteiro e Adriana Fernandes, do Estadão, os militares da ativa já ocupam quase 2,9 mil cargos no Executivo. São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira.
Deste total, 42% estão servindo a Bolsonaro, empregados na estrutura da Presidência, especialmente no Gabinete de Segurança Militar, um órgão que foi superreforçado no atual governo. Três oficiais ocupam o primeiro escalão: Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), além do general Rego Barros, que é supostamente o porta-voz da Presidência. Dos quatro, apenas Heleno está na reserva.
GOLPE DE MESTRE? – À primeira vista, fica parecendo que Bolsonaro é um gênio, que estaria conseguindo emparedar as Forças Armadas, ao nomear esse número enorme de militares para funções civis. Mas não é bem assim, porque os militares estão percebendo que caíram numa armadilha e temem que o desgoverno de Bolsonaro desgaste a imagem das Forças Armadas.
O presidente, no entanto, ainda acha que realmente representa os militares, julgando (?) que estariam dispostos a  intervir para transformá-lo em um novo ditador.
Mas não é assim que a banda militar toca. Os Altos Comandos vão deixar Bolsonaro se virar sozinho. Enquanto isso, a crise se perpetua e o país fica literalmente parado. Em matéria de novos investimentos, o país está zerado.
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P.S. 
Bolsonaro é imaturo e tem sede de poder. Ao invés de aproveitar a estrutura militar e fazer um grande governo, vive atormentado por teorias conspiratórias que estão literalmente levando-o à loucura. Mais um pouco e todos perceberão que ele não tem condições emocionais para ser presidente da República, pois não aceita conselhos nem mesmo do general Augusto Heleno, seu maior avalista na Forças Armadas. Assim, a queda de Bolsonaro é só uma questão de tempo. Enquanto isso, o país fica parado ou andando para trás. É desanimador, desgastante e deprimente viver nessa crise eterna. (C.N.)