Carlos Newton
É com tristeza e revolta que escrevo este artigo. Conforme previsto pelas entidades internacionais e pelo próprio Ministério da Saúde, o Brasil caminha para ser um dos epicentros do coronavírus. Ou seja, trata-se de mortes anunciadas, como diria o genial escritor Gabriel Garcia Márquez. E o que estão fazendo as autoridades responsáveis pelo Sistema Único de Saúde, nesta fase aguda da pandemia? A meu ver, o presidente os governadores e os prefeitos estão se omitindo e simplesmente decidiram condenar o povo à morte.
A mídia cumpre seu papel ao nos massacrar com informações sobre a pandemia, mas as autoridades não se mexem, fazem cara de paisagem, o problema não é com eles. “E daí?”, chegou a perguntar o presidente Jair Bolsonaro, a um repórter que o indagou sobre providências contra a pandemia.
COLAPSO NO ATENDIMENTO – Está mais do que comprovado que já aconteceu o previsto pelo então ministro Henrique Mandetta – o sistema de saúde realmente entrou em colapso. Os pacientes estão morrendo aos montes, por falta de atendimento adequado.
E o que fazem os responsáveis, que são os governantes? Nada, absolutamente nada. Pelo que se saiba, apenas um deles já resolveu cumprir seu dever de oferecer adequada assistência médica à população nos termos da Lei 8080, de 1990, já citada aqui na Tribuna da Internet pelo jurista Jorge Béja.
Esta lei, em seu artigo 24, no capítulo “Da Participação Complementar”, determina a seguinte providência: “Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada”.
OMISSÃO CRIMINOSA – O sistema público do SUS está exaurido, enquanto a rede privada classe “A” possui muitas vagas, milhares de leitos estão disponíveis. E a situação é de pandemia. Por que razão as autoridades não requisitam as vagas da rede privada?
Até agora, apenas o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anuncio sexta-feira que poderá requisitar leitos ociosos na rede privada. O objetivo é maximizar o atendimento e garantir tratamento igualitário aos pacientes do SUS na Covid-19.
Para a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), a lei municipal “não traz inovação no que se refere às requisições administrativas” e deverá ser usada após o “esgotamento de medidas prévias adotadas pelo Poder Público”.
HOSPITAL FANTASMA – No Estado do Rio de Janeiro, que lidera o ranking da morte, com perda de 9,01% dos pacientes contaminados, existe um hospital enorme da Rede D’Or que está pronto no bairro da Glória, mas somente será inaugurado depois da pandemia.
A Rede D’Or, a maior do país, pertence ao médico arquimilionário Jorge Moll, (72ª fortuna do mundo, segundo a revista Forbes). Seria um ato de grandeza se ele inaugurasse logo o enorme hospital, para atender ao pacientes da Covid-19.
Mas será que o Dr. Moll, que prestou o juramento de Hipócrates, terá nobreza e caráter para essa simples ação de caridade, ou vai ficar em seu palácio particular, guardado por Deus, contando o vil metal, como dizia o genial Belchior. Gostaríamos de saber o que pretende fazer o Dr. Moll, diante dessa situação de calamidade pública.
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P.S. 1 – O fato concreto é que a democracia liberal é um regime movido pelo egoísmo, pois parte do princípio de que o mercado controlaria tudo.
P.S. 2 -O que diria Hipócrates, benfeitor da Humanidade, ao saber que, mais de 23 séculos depois de seus ensinamentos, a Medicina se tornaria um dos maiores negócios do mundo e, para ter direito à vida, seria preciso pagar um plano de saúde? (C.N.)
P.S. 1 – O fato concreto é que a democracia liberal é um regime movido pelo egoísmo, pois parte do princípio de que o mercado controlaria tudo.
P.S. 2 -O que diria Hipócrates, benfeitor da Humanidade, ao saber que, mais de 23 séculos depois de seus ensinamentos, a Medicina se tornaria um dos maiores negócios do mundo e, para ter direito à vida, seria preciso pagar um plano de saúde? (C.N.)