As ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), após seus aliados terem sido alvos de operações da Polícia Federal, elevou a temperatura no Congresso Nacional. O clima é tenso principalmente na cúpula do Senado e da Câmara dos Deputados, que ainda avalia o quadro político. Há uma pressão vinda principalmente das bancadas, que pedem uma resposta do Parlamento como instituição.
No Senado, por exemplo, a avaliação é que as instituições democráticas estão “perdendo o controle da situação” e que o governo “perdeu o medo” do controle exercido pelos outros Poderes, o sistema de freios e contrapesos. “Davi [Alcolumbre] e [Rodrigo] Maia precisam sair da toca”, disse um parlamentar, em condição de anonimato.
Alguns congressistas sugerem uma resposta mais explícita, com paralisação das votações por uma semana e colocar na agenda o que é “emergente”: a defesa da democracia. Outro grupo levantou a hipótese de o Congresso eleger um interlocutor para conversar com os militares.
Este nome não poderia ser nem do “Centrão”, que se aproximou do presidente, nem dos partidos de esquerda. A aposta desses congressistas é que as Forças Armadas não vão embarcar nesse movimento do presidente da República.
De forma geral, apesar de questionamentos sobre o inquérito conduzido pelo Supremo, é quase unânime no Senado o apoio à operação contra o “gabinete do ódio”, que seria responsável por comandar a disseminação de notícias falsas. O único consenso é que a aprovação do projeto, de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que trata de regular e punir a disseminação das chamadas “fake news”, não é uma resposta à altura. “Isso [projeto do Alessandro Vieira] é um [revólver] 38 contra uma bazuca”, disse uma fonte.