Posted on by Tribuna da Internet
Carlos Newton
Em meio a esse interminável inferno astral, que avançou além da data de aniversário de Jair Bolsonaro e nem mesmo um astrólogo terraplanista experiente como Olavo de Carvalho sabe quando vai parar, de repente o chefe do governo teve 24 horas de imensa felicidade e realização. Só faltava imitar Vinicius de Moraes e sai cantando “que maravilha viver”.
O motivo era mesmo para ser comemorado. No mesmo dia da posse do novo Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Tácio Muzzi, nesta terça-feira, dia 26, as coisas mudaram na corporação e foi lançada a Operação Placebo contra o governador do Rio, Wilson Witzel, hoje considerado arqui-inimigo de Bolsonaro.
PURO ÊXTASE – Foram 24 horas de puro êxtase. Até mesmo o filho Flávio Bolsonaro, que há mais de um ano anda fugindo dos jornalistas, gravou uma performance midiática para comemorar, lembrando seu grande amigo Fabricio Queiroz e tudo o mais.
Realmente, fazia tempo que o Planalto não vivia um dia tão radioso. Ao que tudo indicava, a PF enfim tinha conseguido passar uma borracha nas recentes vicissitudes da família presidencial, e o sentimento era de júbilo.
Mas existe um ditado que ensina: “Nada como um dia atrás do outro”. E nesta quarta-feira, dia 27, logo ao acordar no Palácio Alvorada, o presidente foi informado de que a Polícia Federal desde a madrugada estava em campo, com uma megaoperação de centenas de mandatos de busca e apreensão que atingiram, de uma só tacada, 29 políticos, empresários e ativistas ligados à família Bolsonaro e envolvidos na criação de “fake news”.
QUESTÃO DE TEMPO – Embora os filhos Carluxo e Eduardo ainda não tenham entrado na mira dos federais nesse inquérito, a família sabe que isso é só uma questão de tempo.
O episódio traz muitas lições. De início, revela o amadorismo e a falta de preparo de Bolsonaro. Ingenuamente, o presidente pensou (?) que bastaria afastar o ministro Sérgio Moro e o diretor-geral Mauricio Valeixo, apenas isso, para conseguir mandar e abusar da Polícia Federal, determinando que seus desafetos sejam perseguidos e que sua família e seus amigos sejam blindados, conforme ele próprio deixou claro na reunião ministerial.
Foi um terrível erro de avaliação e agora Bolsonaro e os filhos terão de encarar a realidade. As duas operações da Lava-Jato conseguiram mostrar que, neste Brasil bagunçado de sempre, existem três corporações que passaram a atuar em conjunto e ninguém mais consegue manipular – o Ministério Público Federal, a Receita e a Polícia Federal.
BOLSONARO AMEAÇA – E nesta quinta-feira, um dia depois de a Polícia Federal ter atingido empresários, políticos e ativistas bolsonaristas, foi patético ver o presidente Jair Bolsonaro à beira de um ataque de nervos, dizendo: “Acabou, porra!”
“Não teremos outro dia como ontem, chega”, disse, na saída do Palácio da Alvorada. “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news”, acrescentou, antes de ameaçar o Supremo, dizendo ter em mãos as “armas da democracia”.
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P.S. – Logo depois o general Augusto Heleno teve de acalmar o pupilo, fazendo um tradução simultânea, para dizer que ninguém está pensando em golpe militar. Mas todo mundo sabe que, na verdade. Bolsonaro não pensa (?) em outra coisa. (C.N.)
P.S. – Logo depois o general Augusto Heleno teve de acalmar o pupilo, fazendo um tradução simultânea, para dizer que ninguém está pensando em golpe militar. Mas todo mundo sabe que, na verdade. Bolsonaro não pensa (?) em outra coisa. (C.N.)