domingo, abril 05, 2020

Uma coisa é fazer jornalismo; outra coisa, muito diferente, é tentar espalhar o pânico


No dia 26, O Globo publicou uma previsão sinistra
Mário Assis Causanilhas
Infelizmente, a imprensa apresenta um comportamento altamente negativo nesse caso da pandemia do coronavírus, passando a nos impor um tipo que poderíamos caracterizar como “jornalismo de terror e pânico”. Sabe-se que nesses casos de calamidades sanitárias, tudo é relativo, não se pode fazer prognósticos de que vai acontecer isso ou aquilo, mas não é bem assim que a mídia se apresenta.
No jornal O Globo, por exemplo, edição de quinta-feira, 26/03/20, na primeira página, os casos de Covid19, eram de 2.555 confirmados e 59 mortos, mas havia uma previsão sinistra em outra reportagem, sobre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. E vamos conferir o que acontecer.
NÚMERO NÃO BATEM – Nesta mesma edição, página 14, com título de matéria “Estudo indica avanço rápido em SP, RJ e DF”, o corpo da reportagem informava que nas cidades de São Paulo, Rio e Brasília o vírus estava se propagando mais rapidamente. E afirmava que as três cidades somadas poderiam chegar a 16 mil casos na semana de 30 de março a 03 de abril.
Nada disso aconteceu. Em O Globo de sábado, dia 4 de abril, na primeira página os números eram: casos confirmados no Brasil 9.056, com 359 mortos. E na página 8 da mesma edição, as cidades de São Paulo, Rio e Brasília tinham, somados, apenas 5.524 casos. Ou seja, apenas um terço dos alarmantes números do Globo de 26 de março. Para mim, isso é “jornalixo”.
E não adianta usar o argumento de que foram noticiados dados de “especialistas”. O jornal precisa ter responsabilidade com o que divulga. Nesse caso, seria obrigatório publicar uma segunda matéria, informando: “Previsões sinistras sobre São Paulo, Rio e Brasília não se confirmaram”. Isso seria o mínimo.