quarta-feira, abril 29, 2020

Sobre mortes por coronavírus, Bolsonaro diz: “E daí ? Sou Messias, mas não faço milagres”


A insensibilidade e a insensatez de Bolsonaro são imensuráveis
Gustavo Garcia, Pedro Henrique Gomes e Hamanda Viana
G1
O presidente Jair Bolsonaro perguntou a um repórter, na portaria do Palácio da Alvorada, o que quer que ele faça em relação às mortes por coronavírus no Brasil, que nesta terça-feira (29) superaram as da China, país de origem da pandemia.
Nesta terça-feira, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de mortes confirmadas por covid-19, a doença provocada pelo coronavírus, ultrapassou a marca dos 5 mil, chegando a 5.017. Na China, são 4.643.
MILAGRE – Durante a entrevista, uma jornalista disse ao presidente: “A gente ultrapassou o número de mortos da China por covid-19”. O presidente, então, afirmou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse, em referência ao próprio sobrenome.
Momentos depois, na mesma entrevista, Bolsonaro disse se solidarizar com as famílias das vítimas. “Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas”, disse. “Mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente, a gente quer ter uma morte digna e deixar uma boa história para trás”, disse o presidente.
FLEXIBILIZAÇÃO – Questionado se conversaria com o ministro da Saúde, Nelson Teich, sobre a flexibilização do distanciamento social, Bolsonaro afirmou que não dá parecer e não obriga ministro a fazer nada. O presidente também disse que ninguém nunca negou que a covid-19 causaria mortes no Brasil e que 70% da população será infectada.
“As mortes de hoje, a princípio, essas pessoas foram infectadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população. Infelizmente é a realidade. Mortes vão (sic) haver. Ninguém nunca negou que haveria mortes”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A insensibilidade e a insensatez de Bolsonaro são imensuráveis. Dia após dia não dá o mínimo aceno à pandemia. Ao contrário, se dedica aos ataques e à politização das questões, e conforme ele mesmo demonstra, entrega para o destino o combate à crise. Talvez um boneco inflável em eu lugar surtiria menos efeitos nocivos. Ao menos não atrapalharia ou falaria tanta besteira. A cada semana se preocupa apenas com o seu próprio umbigo e se mostra mais perdido do que nunca na cadeira que ocupa. Há mais de 40 dias de quarentena, em meio à trilha ainda desconhecida, o Brasil segue desgovernado, com um motorista sem noção dirigindo essa kombi. (Marcelo Copelli)