sexta-feira, março 27, 2020

Jair Bolsonaro já está isolado no país e também na comunidade internacional


Bolsonaro está isolado e pode sofrer impeachment, diz o aliado ...
Jair Bolsonaro tenta desconhecer a gravidade desta pandemia 
Pedro do Coutto
Com o pronunciamento que fez combatendo as medidas estabelecidas pelos governadores no sentido de suspender as atividades normais e evitar o coronavirus, o presidente Jair Bolsonaro ficou isolado no país, uma vez que 26 governadores rejeitaram sua proposta de liberar o trabalho e a movimentação das pessoas. Só não participou da reunião o governador do Distrito Federal. Porém na tarde de ontem assinou o documento conjunto. Esse episódio foi destacado pela reportagem de Andre de Souza, Leandro Prazeres, Renata Mariz e Paula Ferreira, O Globo desta quinta-feira.
Formou-se um movimento em cadeia incluindo não só os governadores mas também políticos, estendendo-se as restrições ao general Hamilton Mourão, vice-presidente da República.
DUAS OPINIÕES – Uma contradição está sendo destacada. O posicionamento defendido por Bolsonaro colide com as primeiras afirmações do ministro da Saúde, Henrique Mandetta. O ministro tentou evoluir para uma solução intermediária mas não encontrou respaldo. Assim criou-se uma situação paradoxal: os governadores apoiam a primeira posição assumida por Mandetta. E afirmaram-se contrários à recomendação do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro não ficou somente isolado, como disse há pouco, no plano interno. Todos os governos dos países que enfrentam a pandemia estabeleceram exatamente as medidas determinadas por Mandetta logo que a crise se instalou no Brasil. Vale citar a posição do presidente Donald Trump que alterou sua primeira visão e obteve do Congresso um crédito extraordinário de 2 trilhões de dólares para enfrentar tanto a contaminação quanto os efeitos dela.
Entre as soluções que adotou inclui-se a distribuição de recursos financeiros para manter os empregos e ao mesmo tempo oferecer um planejamento para neutralizar o coronavirus.
MAIS GASTO PÚBLICO – Uma outra reportagem, publicada em O Globo de autoria de João Sorima Neto, Pedro Cafetti e Cássia Almeida focaliza opiniões de diversos economistas que propõem uma política de maior gasto público tanto com empresas quanto aos trabalhadores. Isso de um lado. De outro, a proposta de incluir no auxílio de emergência aqueles que trabalham sem vínculo empregatício.
Mas quanto a estes, na minha opinião será quase impossível realizar-se tal distribuição. Improvável porque como poderá o governo cadastrar todos aqueles que trabalham nesse sistema. São milhões de pessoas, de acordo com IBGE, 30% da mão de obra ativa brasileira. Estou falando de 35 milhões de autônomos e daqueles que realizam pequenos trabalhos.
Verifica-se aí uma situação curiosa. Aqueles que sustentam a tese do livre mercado para equilibrar o problema social, contrários à intervenção do Estado passam a ser favoráveis.
CADÊ O DINHEIRO? – Mas não é só essa a questão. Onde está o dinheiro para que o universo estatal possa realizar tal distribuição. Mesmo aquela proposta pelo deputado Rodrigo Maia de liberar 500 reais por mês aos sem vínculo e também agora sem conseguirem desenvolver suas atividades profissionais. Refiro-me a todos os que conseguem se sustentar com vendas nas ruas ou então em outras atividades desvinculadas das relações de emprego.
O isolamento de Jair Bolsonaro ao que parece vai se tornar um problema muito grave. Nenhuma crise desse tipo pode durar por muito tempo sem que haja um corte ou uma ruptura no tecido político institucional.