sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Bolsonaro diz que não renunciará, ataca a imprensa e dá nova versão sobre vídeo divulgado em rede social

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Bolsonaro afirma que vídeo compartilhado é de 2015
Gregory Prudenciano e Pedro Caramuru
Estadão
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, dia 27, que está sob ataque de veículos de imprensa, e atribuiu isso à diminuição de verbas do governo para publicidade. “Não vou renunciar ao meu mandato, não vou dar dinheiro para imprensa”, disse o presidente em sua transmissão ao vivo pelo Facebook semanal.
“Eu acredito que estou fazendo um trabalho bom, na medida que eu posso. Parece que não posso mudar nada”. Bolsonaro lembrou de projetos de lei de interesse do governo e que, segundo ele, estão parados nas casas legislativas.
CONGRESSO – “Alguns dizem que não tenho articulação com o Congresso”, afirmou. O presidente pediu ao Parlamento que coloque em votação Medidas Provisórias (MPs) em pauta para não caducarem. Ele citou a MP que criava a carteira digital de estudantes e a que dispensava empresas da obrigatoriedade de publicar balanços em jornais, que perderam a validade antes de serem votadas.
O presidente também afirmou que não irá renovar as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o Estado do Ceará, que sofre com o motim de policiais militares. “A gente espera que o governo resolva o problema da Polícia Militar do Ceará e bote um ponto final nessa questão”, disse o presidente, ao pedir que o governador Camilo Santana (PT) negocie com a PM do Estado.
RETAGUARDA – “No momento eu não tenho tranquilidade”, argumentou Bolsonaro contra a prorrogação do prazo para além do prazo de oito dias vigentes, que expira amanhã. “Precisamos ter uma retaguarda jurídica”, afirmou o presidente.
Ainda segundo Bolsonaro, “GLO não é para ficar eternamente atendendo um ou mais governadores. GLO é uma questão emergencial”. O presidente também pediu apoio aos governadores “para que o Parlamento vote o excludente de ilicitude”.
NOVA VERSÃO – Durante a live distribuída pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que o vídeo postado por ele, e revelado pela jornalista Vera Magalhães, do jornal “O Estado de S. Paulo”, é de 2015. A jornalista, fortemente atacada pelo presidente, foi a primeira a publicar dois videos compartilhados por ele no WhatsApp.
Logo após a live, a jornalista publicou uma sequência de videos enviados pelo presidente, na terça- feira. Para comprovar o que dissera, Vera Magalhães mostrou três vídeos sequenciais: no primeiro, o presidente está passeando de moto no Guarujá, onde passou o feriado do carnaval.
No segundo, um vídeo que convoca para manifestações, onde constam fatos ocorridos em 2018, como a facada que feriu Bolsonaro. E o terceiro vídeo, também produzido por grupos manifestantes, que traz imagens do dia da posse de Bolsonaro. Todos os vídeos trazem registros de fatos ocorridos depois de 2015.
NOTA – O jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou a seguinte nota: “O Estado de São Paulo lamenta que o Presidente da República ataque a jornalista Vera Magalhães acusando-a de mentir por ter revelado que ele divulgou via Whatsapp 2 vídeos conclamando a participação nas manifestações previstas para o próximo dia 15 de março. Ao agir assim, ignorando os fatos, endossa conteúdos falsos vinculados ao tema que circulam nas redes sociais, algumas com ameaças veladas ou não direcionadas à Vera Magalhães.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Muitos comentaristas têm confundido as notas de redação com ataques pessoais ao governo. É preciso separar os fatos comprovados das inclinadas ideologias cegas e sem abertura para o diálogo democrático. A torcida desta TI e deste comentarista é que o País deslanche. Mas a realidade política, retrato das ações descabidas e de responsabilidade de todos aqueles que foram eleitos, mostra que os caminhos tortos e as falsas informações ainda são obstáculos a serem superados. Na live, Bolsonaro afirmou que a convocação seria de 2015, mas o vídeo publicado pela jornalista trata do atentado sofrido por ele em 2018 e de sua posse no ano passado. Em tradução simultânea, ignoram-se, mais uma vez, os fatos, e se avalizam conteúdos falsos. Tudo isso em rede nacional. Por mais que se tente, fica difícil rubricar os atos governamentais desta forma. (Marcelo Copelli)