Maiá Menezes
O Globo
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O presidente Jair Bolsonaro repercutiu nesta segunda-feira, dia 28, os áudios de Fabrício Queiroz divulgados neste domingo por O Globo. Nas gravações, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro afirma que o presidente falou com ele sobre exoneração de funcionária fantasma.
Ontem, O Globo mostrou que, em uma conversa por áudio , de junho deste ano, via Whatsapp, Queiroz demonstrou preocupação a respeito das investigações que tramitam no Ministério Público do Rio.
BOM SOLDADO – “Quem falou isso foi o Queiroz, alguém sabe a data (da demissão da funcionária fantasma)? Muitas pessoas foram demitidas. Não é fantasma. Esse pessoal quer pegar fantasma e ‘rachadinha’. Eu nunca neguei que encontrei um bom soldado de infantaria. Nunca neguei minha amizade por ele. Depois do que aconteceu, eu me afastei, senão seria acusado de obstruir a Justiça. Não somos casados. Uma deputada disse ontem que quando assumiu o cargo teve 28 cargos. O MP não vai fazer nada? Quero saber quem é o amigo do Queiroz. Amigo da onça é pouco”, disse o presidente.
O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) é suspeito de fazer rachadinha — prática em que servidores de gabinetes devolvem parte dos salários para parlamentares. “O MP está com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente e não vem ninguém agindo”, disse Queiroz. A gravação, na íntegra, foi obtida pelo o Globo com uma fonte que pediu sigilo de sua identidade e possui um total de 43 segundos. Uma parte desse áudio foi revelada neste domingo pelo jornal Folha de São Paulo.
CASO ADÉLIO – No diálogo, com um interlocutor não identificado, Queiroz faz uma comparação de seu caso com os rumos da investigação sobre Adélio Bispo, autor do atentado contra o presidente Jair Bolsonaro, no dia 6 de setembro de 2018. Antes de enviar o áudio, Queiroz manda uma mensagem para o mesmo interlocutor. Nela, diz acreditar que alguém contratou Adélio para cometer o crime — apesar de a investigação da Polícia Federal ter concluído que ele agiu sozinho.
Na sequência, no áudio ao qual O Globo teve acesso, Queiroz indica que deseja se empenhar para saber um eventual mandante do crime. “Se eu não estou com esses problemas aí, a gente de bobeira, não ia ter que fazer muita coisa, com eles lá em Brasília, podia estar aí igual a você aí, andando e ia dar para investigar, infiltrar, botar um “calunga” no meio deles, entendeu? Para levantar tudo. A gente mesmo levantava essa parada aí [quem contratou Adélio]”, diz.
“20 CONTINHO” – Na quinta-feira, dia 24, O Globo revelou um áudio via WhatsApp, do início de junho, no qual Queiroz debate com um interlocutor a situação de cargos que podiam ser usados por aliados no Congresso. No diálogo, ele sugere que as indicações poderiam ser feitas por meio de comissões ou em gabinetes de outros deputados e senadores, e não apenas em cargos vinculados à família Bolsonaro.
“Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada ” , diz Queiroz, no áudio, para depois complementar:”Vinte continho aí para gente caía bem pra c**”