segunda-feira, agosto 26, 2019

Secretário-Geral do Planalto admite que há divergências entre Bolsonaro e Moro


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Oliveira virou ministro porque é amigo dos filhos de Bolsonaro
Pedro do Coutto
Numa entrevista de página inteira a Bela Megale, em O Globo de domingo, o ministro Jorge Oliveira, Secretário-Geral da Presidência da República admitiu a existência de visões divergentes entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça. Bolsonaro tem uma formação, Moro outra, acrescentou. Bela Megale então indagou: “O presidente Bolsonaro relatou a diversas fontes estar insatisfeito com Sérgio Moro. É verdade?”. Jorge Oliveira respondeu: “não que não haja divergências. Até em nossas famílias há discordâncias. É normal. As coisas de governo são muito intensas. Tudo é urgente”.
Nesta altura, Jorge Oliveira, no meu entender, desviou o assunto. Mas deixou no ar a certeza de que o distanciamento entre o presidente e o ministro está exigindo que alguém entre em campo para apagar o desconforto, tarefa típica dos articuladores políticos do Palácio do Planalto.  Jorge Oliveira talvez seja uma pessoa indicada para a missão. Com base no texto, ele assume o papel aparente de apaziguador. Mas há de existir outros.
EMBAIXADOR – A respeito da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para embaixador nos Estados Unidos, ao ser perguntado se ele estava agindo junto a senadores, Oliveira respondeu: “Quem tem de fazer isto é o próprio Eduardo Bolsonaro. Já houve a concordância do Itamaraty. Mas temos de entender existirem vozes discordantes. Até os eleitores do presidente e do deputado podem se manifestar.
Será que pelas redes sociais? Para mim, talvez seja esta a estrada desejada pelo Planalto. Isso porque as frases de Jorge Oliveira são marcadas por reticências. Entretanto, o trajeto entre as afirmações do Secretário Geral e a edição de O Globo pode ter sido traçado na Esplanada de Brasília. Tal hipótese não significa que a reportagem perca sua importância política. Jorge Oliveira revelou ao longo das linhas uma boa dose de intimidade com o poder. Disse o seguinte: “A gente morre de rir com o presidente”, inclusive este é o lide da matéria.
REAÇÕES À BLINDAGEM – A mesma edição de O Globo de domingo contém uma reportagem de Natalia Portinari e Naira Trindade. Nesse texto estão acentuadas as reações contrárias da Receita e Polícia Federais quanto às tentativas de bloquear as investigações – ou melhor, de impedir as investigações.
Principalmente porque a transferência do Coaf é fato desejado por parlamentares, políticos e empresários. Especializado em corrupção e lavagem de dinheiro, realmente o Conselho é ameaça a todos aqueles que têm a consciência pesada. Mas os  homens de bem nada têm a temer, eis a diferença.