quinta-feira, agosto 29, 2019

Após morte de Young, médica alerta sobre negligência de sociedade e pacientes com asma


por Jade Coelho
Após morte de Young, médica alerta sobre negligência de sociedade e pacientes com asma
Foto: Reprodução/Pinterest
A falta de conhecimento da sociedade, e até dos próprios pacientes, sobre a asma e os riscos da doença potencializam os perigos e as chances de morte em decorrência de crises. O alerta foi feito pela pneumologista e membro da Sociedade Baiana de Pneumologia, Larissa Voss Sadigursky. A morte da escritora, atriz, roteirista e apresentadora de TV Fernanda Young (entenda melhor aqui) devido a uma crise de asma reacendeu o debate sobre o tema.

A médica explica que a asma é uma doença inflamatória crônica, que não tem cura, mas tem controle com medicamentos e adaptações do estilo de vida dos pacientes. “Uma vez com asma, com asma por toda vida”, frisou Larissa, que ainda ressaltou que a estimativa é de que o Brasil tenha 20 milhões de pessoas com a doença, que é responsável por uma média três mortes de brasileiros todos os dias.

A negligência pode ser fatal porque, por se tratar de um tipo de inflamação, durante uma crise os brônquios ficam inchados, edemaciados, vermelhos e podem ficar contraídos, o que aumenta o risco de uma parada respiratória e cardíaca. A asma varia de pessoa para pessoa, ou até em um mesmo indivíduo em situações distintas.

A pneumologista destaca que o comprometimento do paciente com o seu estado de saúde e o tratamento é de fundamental importância. Um dos maiores erros cometidos pelos asmáticos é achar, após um período sem crise, que estão curados e dispensar a medicação. "Um paciente pode ficar anos sem uma crise e, de repente, com uma mudança de temperatura ou exposição a um ambiente com ácaro e mofo, desencadear uma crise e ter que parar na emergência”.

As medicações controladoras reduzem a inflamação dos brônquios. As principais são os corticoides inalados isolados ou em associação com uma droga broncodilatadora de ação prolongada. As medicações controladoras diminuem o risco de crises de asma e evitam a perda futura da capacidade respiratória. Mas Larissa apontou a existência de resistência e até preconceito dos pacientes com as bombinhas de asma. Por isso, defende a necessidade de desconstrução da ideia negativa que se tem acerca do dispositivo.

Os cuidados tomados pelos pacientes, no entanto, devem ir além da medicação. A pneumologista chamou atenção para a necessidade de asmáticos evitarem contato com gatilhos como poeiras, fumaças do cigarro, pelo de animais, mofo, pólens e poluentes no trabalho. Ela ainda destacou a importância da higiene ambiental, que consiste na limpeza da casa, cuidado e higiene de lençóis, cortinas e tapetes, e evitar móveis e objetos que possam juntar poeira.

A importância de toda a sociedade, mas principalmente os profissionais da Saúde, conhecerem a patologia foi defendida pela médica ao comentar um episódio relatado por Fernanda Young em 2013, quando passou por uma forte crise de asma e teve problemas para comprar remédio em São Paulo, porque o medicamento custava R$ 87, mas ela tinha levado R$ 80 e um cartão de crédito que foi recusado por problemas no sistema (saiba mais aqui). "Não posso entrar no mérito da conduta do profissional. Mas muito além da ética profissional está a questão humana, talvez o profissional não soubesse que a asma pode matar, não tinha noção das patologias, e colocou em risco por esse valor", lamentou a profissional. 

O diagnostico se dá a partir de uma história clínica detalhada, pesquisa de história familiar, exames de raios-X e exames de capacidade, que são a espirometria ou prova de função pulmonar. Esses exames apontam a gravidade da asma e o tratamento adequado para o paciente.  

A asma é uma das doenças crônicas mais comuns e afeta tanto crianças quanto adultos. Estima-se que 80% dos casos de asma são diagnosticados até os seis anos de idade. O DataSUS indica que ocorrem 350 mil internações por causa da asma anualmente no Brasil.
Bahia Notícias