Deu na Coluna do Estadão
O general Jesus Corrêa, presidente do Incra, é o mais novo militar na corda bamba do governo. A reclamação a respeito do seu comando na autarquia chegou ao gabinete do Secretário Especial de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e já circula nos corredores do Planalto. As queixas vêm, principalmente, de ruralistas, que enxergam “militarização” do Incra, além de uma demora na entrega de títulos de posse (promessa de campanha de Bolsonaro). Para complicar mais ainda a situação do general, ele perdeu seu “padrinho” no Planalto, Santos Cruz.
Se nessa queda de braço vencerem os ruralistas, será um militar a menos na gestão Bolsonaro. As dez nomeações de superintendências regionais do Incra que saíram nesta semana vêm da Casa Civil, à revelia do presidente do Incra. As indicações foram feitas por deputados que apoiaram a reforma da Previdência.
REFORMA AGRÁRIA – O Incra contesta a alegação de demora na entrega de títulos da reforma agrária. A autarquia lançou um programa que promete a entrega de 25 mil títulos neste ano. O presidente do Incra deve entregar mais de 2 mil título no Nordeste. Procurado pela Coluna, ele não quis se manifestar.
Porém, nessa velocidade de 25 mil, fica difícil o cumprimento da promessa do governo de entregar 600 mil títulos em quatro anos.
EMBAIXADOR – O pedido de “agrément” (aceitação) de Eduardo Bolsonaro como embaixador mal chegou a Washington e seus aliados já elaboram um parecer jurídico no Brasil para defendê-lo no Supremo Tribunal Federal.
Os defensores da indicação do filho do presidente para a embaixada nos EUA sabem que, muito provavelmente, a sua nomeação será contestada pela oposição no STF por falta de notório saber e de serviços prestados à nação.
ZERO QUATRO – Apesar das especulações em torno de uma possível candidatura de Jair Renan Bolsonaro, o Zero Quatro, a vereador no próximo ano, a lei não permite.
Aliados lembram de um não muito distante e irônico precedente: o Tribunal Superior Eleitoral proibiu um dos filhos de Lula de disputar vaga de vereador em São Bernardo do Campo, em 2008.
E o governo vai trabalhar para evitar CPIs sobre o caso dos hackers antes da aprovação final da reforma da Previdência. E diz Ayres Britto, ex-presidente do STF, sobre os dados obtidos na operação dos hackers de autoridades: “Para a Constituição Federal, informação é mais importante juridicamente que o informante. Uma coisa é o hacker, como autor de um delito, outra é a informação que pode ter serventia jurídica no futuro, a depender da perícia técnica”,