sexta-feira, junho 21, 2019

Bolsonaro enviará novo projeto de Capitalização, cujo texto não é de Paulo Guedes


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Charge do Rico (Arquivo Google)
Pedro do Coutto
Matéria assinada por José Marques e Ângela Boldrini, Folha de São Paulo de quinta-feira, revela a disposição do presidente Jair Bolsonaro de, rejeitado o texto de Paulo Guedes, enviar ao Congresso outra proposição para o regime de capitalização destinado a aposentadoria dos celetistas, entre eles os servidores das estatais, e do funcionalismo federal. Essa disposição foi anunciada pelo presidente da República logo após participar na quarta-feira de evento da Aeronáutica na cidade paulista de Guaratinguetá.
Com isso – digo eu – Bolsonaro já dá como perdido o projeto original para a reforma da Previdência. No caso pelo menos tacitamente afasta-se do conteúdo do projeto que está dando margem a uma série de debates tanto no Legislativo quanto na opinião pública.
EXCLUSÃO – Não fosse a atitude de criar novo projeto uma prova de que a Câmara deve rejeitar a capitalização na primeira investida, o presidente da República não faria a revelação que fez. De fato o relatório do deputado Samuel Moreira excluiu a capitalização construída pela equipe de Paulo Guedes.
Politicamente não há como negar que o episódio representa um novo desgaste para o governo. Desgaste ampliado pelo mal relacionamento que Guedes estabeleceu com o Poder Legislativo. Sobretudo com Rodrigo Maia que o apontou como um dos integrantes da usina de crises que abastece o Planalto.
DESARTICULAÇÃO – A repórter Ângela Boldrini acrescenta que a articulação política da Presidência está falhando sucessivamente.
Inclusive já se recuou no afastamento do Ministro Onyx LorenzonI dos entendimentos entre o Palácio e o esquema partidário que lhe dá sustentação no Congresso, para que o relacionamento não se torne ainda mais difícil. O general Eduardo Ramos, futuro ministro da Secretaria do Governo só passará a substituir Onyx após a aprovação da reforma da Previdência, assumindo então os diálogos entre o Executivo e os parlamentares
CONFUSÃO – Uma reportagem de Eliane Cantanhede, Ane Worth e Mariana Haubert, no Estado de São Paulo, ilumina com nitidez o que está se passando no Palácio do Planalto. Confusão. O general Eduardo Ramos não parece ser flexível no relacionamento fisiológico com os parlamentares que praticam essa espécie de coptação. Pelo contrário. A comunicação tornar-se-á mais difícil. Acentuo que o tipo de diálogo que marcou os governos Lula, Dilma e Michel Temer dificilmente poderá ser retomado. Uma questão de estilo. Diferente do que as gravações de Joesley Batista e também da corrida de Rocha Loures com a mala de 500 mil reais que o tornou personagem da noite paulista.
Em matéria de desarticulação tem-se a impressão que a ausência de comunicação vai se refletir nas calmas águas do Lago Paranoá.