sábado, fevereiro 02, 2019

Mourão aguarda lei que estabeleça concretamente as funções de vice-presidente


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Mourão alega que todo vice precisa ter participação no governo
Pedro do Coutto
Numa entrevista a Eduardo Bressiani, Jussara Soares, Karla Gamba e Paulo Cesar Pereira, edição de ontem de O Globo, o general Hamilton Mourão admitiu que os estilos de atuação de Bolsonaro e dele podem ser diferentes em alguns casos, mas no final as atuações convergem para baixar as tensões próprias da política. O general Mourão lembrou aos repórteres que o presidente da República já determinou que a equipe produza projeto de lei complementar fixando concretamente as funções inerentes ao vice presidente. Está na Constituição, acentuou, mas ainda não foi aprovada uma lei complementar determinando claramente essas funções.
O General Mourão deu como exemplo o caso da Embaixada do Brasil, se fica em Telavive ou vai para Jerusalém. Ele tem sido procurado por representantes do mundo árabe alertando para reflexos negativos caso a transferência ocorra de fato.
CRIAR COMITÊ – O vice presidente acrescentou que, em sua opinião, o governo tem que criar um comitê que trate de assuntos internacionais. Recordou a decisão de 1947, quando o Brasil votou pela existência de dois Estados na região, divididos entre palestinos e judeus. Ressaltou que Jerusalém é uma cidade capital das três religiões monoteístas, é uma encruzilhada política. E acha que pode ser discutida a tese proposta pela Austrália. Dividir Jerusalém oriental e ocidental, onde caberiam as missões diplomáticas tanto de Israel quanto da Palestina.
Em sua opinião a proposta de um comitê supera, pelo seu conteúdo, uma única posição representada pelo Itamarati. O comitê passaria a ter atribuição direta de traçar um panorama capaz de iluminar a questão e superar o impasse e também os impasses que poderão surgir depois da plena localização das embaixadas brasileiras.
QUER PARTICIPAR – Lendo-se a entrevista com atenção, chega-se facilmente à conclusão de que o vice- presidente da República deseja participar ativamente das ações e decisões do governo. Ele representa, não apenas a si próprio, mas também o setor militar presente hoje no Palácio do Planalto.
Não se trata de apenas dividir as funções do Executivo. Mas, sobretudo, distinguir as várias formas e os vários estilos de atuação no Palácio do Planalto.