domingo, fevereiro 24, 2019

Depoimento de ex-assessor agravou a situação de Queiroz e Flávio Bolsonaro


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A situação do senador está se complicando, ao invés de melhorar 
Deu em O Tempo
A profusão de outras notícias, a mudança do eixo dos escândalos para a questão dos laranjas na campanha, a demissão conturbada de Gustavo Bebianno, o pacote de Sergio Moro e a reforma da Previdência haviam deixado as suspeitas envolvendo Fabrício Queiroz em banho-maria. O noticiário de sexta-feira, porém, reaqueceu a trama e devolveu o problema ao colo de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República.
A principal revelação de ontem foi o depoimento de um funcionário do gabinete do ex-deputado estadual e agora senador, que confirmou aos investigadores que repassava cerca de dois terços de seu salário a Fabrício Queiroz.
DINHEIRO E ROLO – A versão não chega a contradizer o ex-motorista, já que o depoente reafirmou a história de que o dinheiro servia para investimentos e que recebia a grana de volta depois, com juros estratosféricos. Nas palavras de Queiroz, ele “fazia dinheiro”. Na visão de Jair Bolsonaro, o termo era “fazia rolo”.
A partir da confirmação de que o dinheiro dos funcionários ia mesmo parar na conta do ex-motorista, resta confirmar o que aconteceria depois. Se trava-se do triste e famoso “rachid”, quando parte do salário dos assessores cai nas mãos do chefe, ou se trata-se mesmo de um investimento.
Ora, se os funcionários alegam que enviaram o dinheiro para Queiroz – o que se comprova por transações bancárias – basta que apresentem o extrato com a volta do dinheiro. O assunto estaria resolvido em uma semana. Não vale dizer que recebeu de volta em dinheiro. Que investimento estranho e legal seria esse que você envia a verba por transferência bancária e recebe de volta um bolinho de notas?
CHEQUE DE MICHELLE – Junto disso, temos a versão de outro lado da história, sobre os R$ 24 mil que foram parar na conta da primeira-dama. O presidente da República diz que emprestou dinheiro a Queiroz e que houve o pagamento em várias parcelas, totalizando R$ 40 mil. Que o dinheiro foi pago em nome de Michele Bolsonaro pois ele não tinha tempo para ir no banco.
Ainda que julguemos ser verdade a versão. Não é curioso demais que tanto os funcionários quanto o pai do patrão tenham dado dinheiro para Queiroz no mesmo período e que as explicações para isso sejam tão diversas?
 Bolsonaro deu dinheiro a Queiroz alegando que ele passava dificuldades financeiras, enquanto os funcionários do gabinete enviavam a maior parte do seu salário para o ex-motorista para que ele o multiplicasse. Ele era um mago das finanças ou um pobre coitado sem dinheiro? As duas coisas não dá para ser.
E OS DEPOIMENTOS? – Soma-se a essa dúvida a demora para esclarecer o fato, os dribles nos depoimentos, a tentativa de suspensão da investigação, o sumiço dos implicados e as suspeitas de que muitos deles eram funcionários fantasmas e as relações de alguns deles com milicianos presos. Ou os envolvidos explicam ou ficará difícil acreditar que tudo se tratou de um mal-entendido.
O problema para Bolsonaro, o pai, é que não é possível demitir o filho para liquidar o assunto, como se deu com Gustavo Bebianno. Não dá para exilar Flávio em uma embaixada ou em uma estatal. Mesmo que o senador renunciasse, a crise continuaria praticamente morando em sua casa. Isso é o que torna esse assunto, que não é de governo, mais perigoso que o escândalo da semana passada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente editorial de O Tempo, equilibrado e mostrando a gravidade das acusações sobre o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01. As explicações do ex-PM e ex-assessor Fabrício Queiroz, em entrevista à TV Record (até hoje ele não depôs), não configuraram a “explicação plausível” que Flávio havia prometido. E agora o depoimento do outro PM assessor acaba com o argumento do presidente Bolsonaro, de que Queiroz lhe pedira R$ 40 mil porque estava sem dinheiro. É claro que o chefe do governo não será afetado diretamente, a denúncia não cairá em seu colo, mas o filho Flávio Bolsonaro corre grande risco de sofrer condenação criminal. (C.N.)