segunda-feira, janeiro 28, 2019

Por ser menos seguro, o modelo de barragem de Brumadinho já foi banido em outros países


Imagem relacionadaDaiane CostaAgência O Globo
A barragem da mineradora Vale, que se rompeu na sexta-feira, em Brumadinho (MG), usava uma tecnologia de construção comum em projetos de mineração pelo mundo, mas por ser uma opção menos segura já foi banida em outros países, como o Chile. O método usado pela Vale é chamado de “alteamento a montante”, exatamente igual ao da barragem da Samarco em Mariana, que rompeu em 2015.
O sistema permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia de rejeitos de minério, usando-se como fundação o próprio material descartado – uma lama formada por ferro, sílica e água.
MAIS BARATO – Segundo especialistas, esse método da Vale é mais usado por ser barato e ocupar menos espaço. Todavia, tem mais riscos de romper, devido a inexistência de uma base sólida. Por isso, os especialistas defendem que esse modelo não seja mais usado em futuros projetos, no Brasil.
“Não existe risco zero na engenharia. Mas o nível desse risco vai depender de quanto se quer gastar para diminui-lo. Menor risco, maior custo. São dois pratos e uma balança “- diz Alberto Sayão, especialista em engenharia geotécnica, professor de engenharia de barragens da PUC-Rio e ex-presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS).
Willy Lacerda, professor de engenharia geotécnica da Coppe/UFRJ, classifica esse tipo de barragem como “bomba-relógio” e defende que esse modelo deveria ser banido, a exemplo do Chile.
MÉTODO INSEGURO – Por ser mais econômico, o método do alteamento a montante tem vários problemas e seu nível de segurança depende muito mais da qualidade da construção e de um controle de estabilidade eficiente.
Em 1974, um terremoto destruiu todas as barragens de rejeitos das minas de cobre no Chile. Desde então eles substituíram esse modelo pelo convencional, mais seguro, com alteamento a jusante (abaixo da barragem original) e não a montante (acima da barragem), como a Vale ainda adota no Brasil.