sexta-feira, dezembro 28, 2018

Bolsonaro precisa fazer auditorias na dívida pública e na Previdência Social


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Carlos Newton
Apesar de toda a crise da imprensa, o grupo Estadão ainda mantém os melhores serviços de agências de notícias no país, com o Broadcast, a Agência Estado e o Estadão Conteúdo. A independência é de tal ordem que muitas vezes os assinantes recebem importantes informações antes mesmo do site do principal veículo do grupo, o jornal Estado de S. Paulo. Nesta sexta-feira, por exemplo, o Estadão Conteúdo revelou que o presidente eleito Jair Bolsonaro vai promover uma revisão geral nos atos praticados pelo governo de seu antecessor Michel Temer, nos últimos dois meses do mandato.
O objetivo é verificar se as medidas tomadas por Temer estão de acordo com os compromissos do governo Bolsonaro. A ação consta como uma das prioritárias em um documento divulgado nesta quinta-feira pelo gabinete de transição, assinado pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
MANUAL DOS MINISTROS – Numa reunião do futuro ministério, Onyx Lorenzoni distribuiu o plano intitulado “Agenda de Governo e Governança Pública”. “Nos primeiros dez dias, cada ministério deverá elencar as políticas prioritárias dentro de sua área de atuação – incluindo a revisão de atos normativos legais ou infralegais publicados nos últimos 60 dias do mandato anterior, para avaliação de aderência aos compromissos da nova gestão”, diz trecho do plano do governo Bolsonaro.
A preocupação é absolutamente válida, porque não se pode confiar numa equipe liderada por Michel Temer, já denunciado três vezes pela Procuradoria-Geral da República. O governo Bolsonaro está certíssimo e deve ser apoiado nessa iniciativa, com louvor. Ao mesmo tempo, porém, seu posicionamento deixa no ar uma grande dúvida.
PERGUNTA-SE – Se o governo Bolsonaro demonstra tamanha preocupação com os atos se seu antecessor, porque então não promove auditorias na Previdência Social e na dívida pública, que chegou aos R$ 3,8 trilhões e já ultrapassa o Orçamento da União?
Como se dizia antigamente, é uma pergunta que não quer calar, porque está em jogo o presente e o futuro dos brasileiros. O Equador convocou a auditora brasileira Maria Lucia Fatorelli e outros especialistas, refez as contas e sua dívida diminuiu 70%. Parafraseando o ex-ministro Juracy Magalhães, o que é bom para o Equador pode ser bom para o Brasil.
Se a dívida diminuir, sobrarão recursos para investimentos e o país poderá buscar a retomada socioeconômica. Mas quem se interessa?
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O que pensam disso os militares que assessoram Bolsonaro? Sua omissão é um sinal dos tempos. Com certeza, já não se fazem militares como antigamente. Ou, então, o interesse nacional está “démodé” e até os milicos acham que defender o país é brega e cafona. (C.N.)