segunda-feira, dezembro 03, 2018

Bolsonaro admite demitir Guedes se ele tiver prejudicado os fundos de pensão


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A força-tarefa vai interrogar Guedes nesta quarta-feira
Carlos Newton
Reportagem de Vladimir Netto, publicada pelo G1 Brasília, mostra que Jair Bolsonaro é um homem de palavra e já admite demitir o economista Paulo Guedes, caso se confirmem as denúncias de que o futuro chefe da equipe econômica prejudicou fundos de pensão ao levá-los a fazer investimentos em empresa por ele controlada, a HSM Educacional S/A.
Em entrevista neste sábado (dia 1º), após solenidade de formatura de cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (Rio de Janeiro), Bolsonaro afirmou que não tinha conhecimento de que a Polícia Federal abrira inquérito para investigar Paulo Guedes, que será nomeado ministro da Economia.
AFASTAMENTO – “Investigação do Paulo Guedes? Desconheço”, afirmou Bolsonaro, que depois pediu a próxima pergunta aos repórteres. Em seguida, acrescentou: “Eu integro o Poder Legislativo no momento e integrarei o Executivo. Isso compete ao Judiciário. Como [foi] conversado com Sérgio Moro, qualquer robustez em denúncia, nós afastaremos o respectivo ministro, independente de quem seja”.
Apesar de já terem sido publicadas notícias a respeito, Bolsonaro ainda desconhecia que a Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para apurar se Paulo Guedes cometeu irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento. A PF atendeu pedido do Ministério Público Federal (MPF), que havia requisitado o inquérito em outubro.
O depoimento de Guedes à força-tarefa da Operação Greenfield estava previsto para acontecer dia 6 de novembro. Mas o interrogatório foi remarcado para a próxima quarta-feira, dia 5, devido a problemas de agenda dos procuradores federais, segundo informou o jornal Valor.
DIZ PAULO GUEDES – Em nota, os advogados de Paulo Guedes afirmaram que ele agiu corretamente em todas as operações envolvendo fundos.
“A defesa de Paulo Guedes reafirma a lisura de todas as operações do fundo que, diga-se de passagem, deu lucro aos cotistas, incluindo os Fundos de Pensão. Espera também que a investigação – agora corretamente conduzida no âmbito da Polícia Federal – apure as incoerências do relatório irregular produzido na Previc”, disseram os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
Bem, “diga-se de passagem” é expressão inapropriada à espécie. É preciso que a defesa não somente diga, mas comprove com números os tais lucros que as operações de Guedes teriam dado.
DIZ A PREVIC – Segundo a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), autarquia subordinada ao Ministério da Fazenda, deram prejuízo as aplicações de Guedes na empresa de palestras por ele presidida – eis a questão, pois o economista realmente aplicou os recursos dos trabalhadores em sua própria empresa, algo verdadeiramente inexplicável, impensável e injustificável.
Na verdade, Bolsonaro jamais deveria ter-se ligado a um economista de mercado. Seria melhor buscar um conselheiro acadêmico, como Carlos Lessa ou Darc Costa. Todo economista de mercado é devoto ao Deus Dinheiro. Guedes, então, que já foi até banqueiro, é um fiel extremado e radical. Vamos ver o que ele diz no depoimento desta quarta-feira.
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P.S
 – O Brasil é hoje uma espécie de campo de experiências do Deus Dinheiro. Aqui tenta-se o primado do capitalismo financeiro, que torna mais rentável aplicar o dinheiro do que criar uma atividade produtiva. Isso significa a antítese do capitalismo, porque a aplicação financeira não envolve risco. Na outra ponta, em todas as operações de empréstimos os bancos cobram juros compostos (juros sobre juros), a agiotagem oficial reina. E o verdadeiro capitalista, aquele que sonha em abrir empresas e gerar empregos, fica totalmente desestimulado de aplicar seus recursos em atividades produtivas. Os bancos brasileiros batem recordes de lucros, enquanto o país vive a maior crise financeira de sua História, algo inadmissível em qualquer país minimamente civilizado, em que as crises atingem a todos os setores, indistintamente. E ninguém nota que no Brasil há algo de podre, que está cheirando mal, muito mal. (C.N.)