domingo, novembro 25, 2018

Tradicionalismo na educação não resiste à ideia da liberdade na era da internet


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Charge reproduzida do Arquivo Google
Pedro do Coutto
O Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, edições de ontem, publicaram com grande destaque a carta aberta do futuro ministro da Educação, Ricardo Velez Rodrigues defendendo o tradicionalismo que marcou a educação brasileira no passado e os valores morais nos quais se baseia a sociedade brasileira. Velez Rodrigues sustentou que, a seu ver, a mesma sociedade é conservadora e quer conservar os valores morais e sociais, rejeitando a introdução de versões ideológicas no sistema de ensino. A meu ver, o tradicionalismo significa um retrocesso, sobretudo na medida em que, voltando-se ao passado, esquece-se a força do presente e o impulso para o futuro.
Estamos em plena era da Internet, comunicação rápida e densa dos conceitos e informações que transmite. A própria imprensa, incluindo jornais, emissoras de rádio e televisão, rejeita qualquer apelo capaz de colocar o passado acima da realidade presente e dos caminhos para uma alvorada modernizadora.
VERSÕES DE VELEZ – Reportagem de Paula Ferreira, Rafael Kapa e Renata Mariz, em O Globo, focaliza de forma bastante ampla as versões destacadas por Velez Rodrigues. O fato é que da mesma forma que não se pode vestir hoje as mesmas roupas do passado, utilizar-se os mesmos remédios, raciocinar-se em bases passadistas, não se pode querer também um estilo de educação que desaparece na névoa do tempo.
Hoje a realidade é outra, os problemas são outros, o comportamento das pessoas é outro, as descobertas científicas são outras, os objetivos dos seres humanos ajustam-se aos tempos que se renovam. Voltar ao passado seria um desastre.
AUTOR DO AMANHà– Um professor pode se tornar um autor do amanhã, um arquiteto do futuro. Mas para isso precisa assumir a posição construtiva de doador de conhecimentos e não a de cobrador de interrogações. É só confrontar os avanços da educação nos demais países para que se chegue à conclusão de que o passado não pode ocupar os pensamentos e vocações da vida de agora. A educação não pode ser o esforço para voltar ao passado.
O passado ficou para trás, é lógico. Logo, o compromisso ideológico constitui a base para os avanços trazidos pela alvorada que se renova.