Pedro do Coutto
O Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, edições de ontem, publicaram com grande destaque a carta aberta do futuro ministro da Educação, Ricardo Velez Rodrigues defendendo o tradicionalismo que marcou a educação brasileira no passado e os valores morais nos quais se baseia a sociedade brasileira. Velez Rodrigues sustentou que, a seu ver, a mesma sociedade é conservadora e quer conservar os valores morais e sociais, rejeitando a introdução de versões ideológicas no sistema de ensino. A meu ver, o tradicionalismo significa um retrocesso, sobretudo na medida em que, voltando-se ao passado, esquece-se a força do presente e o impulso para o futuro.
Estamos em plena era da Internet, comunicação rápida e densa dos conceitos e informações que transmite. A própria imprensa, incluindo jornais, emissoras de rádio e televisão, rejeita qualquer apelo capaz de colocar o passado acima da realidade presente e dos caminhos para uma alvorada modernizadora.
VERSÕES DE VELEZ – Reportagem de Paula Ferreira, Rafael Kapa e Renata Mariz, em O Globo, focaliza de forma bastante ampla as versões destacadas por Velez Rodrigues. O fato é que da mesma forma que não se pode vestir hoje as mesmas roupas do passado, utilizar-se os mesmos remédios, raciocinar-se em bases passadistas, não se pode querer também um estilo de educação que desaparece na névoa do tempo.
Hoje a realidade é outra, os problemas são outros, o comportamento das pessoas é outro, as descobertas científicas são outras, os objetivos dos seres humanos ajustam-se aos tempos que se renovam. Voltar ao passado seria um desastre.
AUTOR DO AMANHÃ – Um professor pode se tornar um autor do amanhã, um arquiteto do futuro. Mas para isso precisa assumir a posição construtiva de doador de conhecimentos e não a de cobrador de interrogações. É só confrontar os avanços da educação nos demais países para que se chegue à conclusão de que o passado não pode ocupar os pensamentos e vocações da vida de agora. A educação não pode ser o esforço para voltar ao passado.
O passado ficou para trás, é lógico. Logo, o compromisso ideológico constitui a base para os avanços trazidos pela alvorada que se renova.