quinta-feira, outubro 25, 2018

Bolsonaro e Haddad são dois personagens perdidos numa eleição suja


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Ilustração reproduzida do Arquivo Google
Carlos Newton
A campanha chega ao fim e pouco se sabe sobre os objetivos de cada candidato, na eleição mais suja e manipulada dos últimos tempos, que espantaria até o genial dramaturgo e ator Plínio Marcos, que gostava de conviver com as pessoas nas ruas e tinha exata noção do que pensa o povo, como é denominada aquela faixa da população abaixo da classe média. Como é maioria, o povo acaba decidindo a eleição, e não adianta mais tentar enganá-lo, porque hoje ele usa celular e whatsapp, troca informações o tempo todo e tem muito mais noção das coisas do que antigamente.
No metrô, no ônibus e nas ruas, quando eu via aquelas pessoas de cabeça baixa, mexendo nos celulares, pensava que era uma legião de imbecis, mas estava errando. Na verdade, ao trocar mensagens incessantemente, eles estão deixando de ser imbecis, eis minha conclusão.
EXEMPLOS – Jair Bolsonaro (PSL), Romeu Zema (Novo), Wilson Witzel (PSC) e outros fenômenos que surgiram nesses eleições tinham tudo para serem derrotados, porque seus partidos são nanicos e receberam minúsculas verbas do Fundo Eleitoral. Para complicar, também não tinham espaço na propaganda do rádio e TV, o quadro era desanimador para todos eles, mas foram em frente.
O caso de Bolsonaro é todo especial, porque ele não tinha legenda. Era filiado ao PP há anos, mas sabia que o partido não aceitaria sua candidatura. Migrou para o PSC criado pelo pastor Everaldo Dias Ferreira, que o batizou nas águas turvas do Rio Jordão, mas o dono do partido também não quis lhe dar legenda. Abandonado, Bolsonaro assinou um compromisso de filiação ao PEN, que trocou de nome para Patriotas, mas o candidato acabou desistindo. Na undécima hora, conseguiu fechar filiação no PSL, embora seu nome dividisse o partido.
Seis meses depois, se arrependimento matasse, estaríamos no velório conjunto do PP, do PSC e do Patriotas, que perderam a chance de crescer de uma hora para a outra.
FALA O POVO – A eleição dos outsiders , incluindo Bolsonaro, que não é considerado um “político profissional”, foi toda tramada nos celulares, por quem já cansou da chamada classe política e declarou temporada de caça às velhas raposas.
Já praticamente eleito, Bolsonaro sabe que precisa desesperadamente ter maioria folgada no Congresso. Para formar a base aliada, está se compondo com o Centro, que sabe se contorcer para se amoldar ao governo, digamos, a qualquer governo.
Ao contrário do que dizem, Bolsonaro não vai perseguir nem torturar ninguém. O tempo é curto e o novo presidente vai sofrer muito para tentar solução aos grandes problemas nacionais. Pode até se arrepender de ter se tornado presidente.
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P.S. 1 
– Nos últimos 28 anos, Bolsonaro teve uma vida de sonhos. Pouco trabalho na Câmara, facilidade de se reeleger, nem fazia campanha. Arranjou emprego para as mulheres e os filhos na política, a família enriqueceu e ele resolveu ser presidente.  
P.S. 2 – Os problemas são tantos que é preciso muita coragem para enfrentá-los. Os governos federais, estaduais e municipais estão pré-falidos. O Brasil é um país exaurido pela classe política. Aqui no Rio de Janeiro, depois da Copa e da Olimpíada, a cidade está falida. O legado do irresponsável e corrupto Eduardo Paes é tenebroso, mas poucas pessoas têm a exata noção do mal que ele fez à cidade. Mas logo todos saberão, quando acabarem as auditorias em curso. (C.N.)