TROCANDO EM MIÚDOS: O FIM DE UMA UNIÃO QUE NÃO DEU CERTO.
"Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim,
não me valeu.
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim?
O resto é seu.
Trocando em miúdos, pode guardar
as sobras de tudo que chamam lar,
as sombras de tudo que fomos nós,
as marcas de amor nos nossos lençóis,
as nossas melhores lembranças.
Aquela esperança de tudo se ajeitar,
pode esquecer.
Aquela aliança, você pode empenhar
ou derreter.
Mas devo dizer que não vou lhe dar
o enorme prazer de me ver chorar,
nem vou lhe cobrar pelo seu estrago,
meu peito tão dilacerado.
Aliás,
aceite uma ajuda do seu futuro amor
pro aluguel.
Devolva o Neruda que você me tomou
e nunca leu.
Eu bato o portão sem fazer alarde,
eu levo a carteira de identidade,
uma saideira, muita saudade
e a leve impressão de que já vou tarde."
.
Esta canção me veio à mente ao ler o desabafo do vice à presidente,
exatamente pelo tratamento poético que Chico Buarque deu à
dor do rompimento de uma união, em contraste com as
queixas rasteiras que Michel Temer fez à Dilma --a
qual também saiu muito mal na foto, ao deixar
vazar uma carta pessoal por crer que isto
lhe proporcionaria algum ganho
político. Os dois se merecem,
mas o Brasil merece
algo bem melhor | | | | | | | |
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