Na última terça ou quarta-feira pela manhã da semana em curso, não lembro a hora exata, eu fazia o percurso casa-escritório e sintonizei a Rádio Bahia Nordeste e naquele momento J. Matos (Tico de João de Brito) fazia a cobertura de alguma solenidade, não sei se em Paulo Afonso ou Salvador. Dava para perceber que era em ambiente fechado pelas conversas entre diversas pessoais ao mesmo como na sala de jantar de Gilberto Gil.
Embora o percurso que eu fazia naquele momento era curto, antes de desligar o rádio ouvi entrevista que era feita com o Dep. Mário Negromonte que fez tecia elogios aos deputados Josias Gomes e Paulo Rangel, ao governador, ao Secretário de Turismo do Estado e outras pessoas pelo esforço da grande vitória. O Secretário de Turismo do Estado foi entrevistado e tudo se dizia ao restabelecimento dos voos PAF-SSA pela empresa Azul.
Automaticamente eu me lembrei da serie de TV Túnel do tempo criada por Irwin Allen, uma ficção científica.
Na série Tony Newman e Doug Phillips (Robert Colbert) eram dois cientistas que trabalhavam para o governo no projeto super-secreto Tic-Toc, uma máquina que poderia transportar qualquer pessoa ou objeto através do tempo. O Túnel do Tempo fora construído no subsolo do deserto do Arizona. Tony, seguido de Doug, entra no Túnel e é transportado ao passado, mas, o Túnel ainda não tinha sido testado e seus colegas, Dra. Ann MacGregor (Lee Meriwether), Dr. Raymond Swain (John Zaremba) e General Kirk (Whit Bissell), descobrem que a máquina não tem força suficiente para trazê-los de volta. Resta a Tony e Doug serem transportados de uma época a outra, seja passado ou futuro, até que possam ser trazidos de volta ao seu próprio tempo.
Entrando do túnel do tempo, temos que Paulo Afonso aéreo de 37 anos atrás era muito melhor do que Paulo Afonso aéreo de 2013. Tínhamos voos da VARIG nas 4ªs e domingos com aeronave de porte respeitável que fazia o percurso Campina Grande-Recife-Paulo Afonso-Salvador-Belo Horizonte e SP e que também mantinha o Grande Hotel. Além dos voos da Nordeste Linhas Aéreas com voos diários (isso não digo com muita precisão). Depois da Nordeste, o sistema continuou mantido pela Rio Sul que era uma subsidiária da VARIG, com voos diários
Confesso que todos reunidos para aquela solenidade primavam em demonstrar uma incapacidade geral de nossas representações políticas e ai todos na mesma cuia a comemorar suposta grande conquista celebrada a aparentar uma vitória do exercito de brancaleone. Sei por longos e tenebrosos anos enquanto o PFL-DEM governou o Estado da Bahia o trecho da BR-110 Paulo Afonso – Ribeiro do Pombal sempre esteve intransitável, situação mudada nos últimos anos. Eu pelo menos somente ia a Salvador por situações inadiáveis. Era como nos tempos das diligências.
Tenho para mim que o transporte aéreo de passageiros entre Paulo Afonso e as cidades de Recife, Petrolina, Salvador e São Paulo deveria ser algo corriqueiro, mero cotidiano, sem alardes, sem que um simples anuncio fosse equiparado a uma coisa festa de arromba.
As nossas representações políticas em vários capítulos se comportam como meninos brigando por pirulito como na criação do curso da Medicina. Um diz que fui eu e fulano e cicrano diz fui eu beltrano que trouxemos Medicina para aqui. Agora, pelo menos, estava todos no mesmo balaio brindado com champanhe e caviar, talvez, a tomada do Monte Castelo pela FEB na Itália.
As manifestações do passe livre em junho pelos dos jovens e outras manifestações que acontecem no País traduzem que o povo passou a exigir dos nossos governantes uma nova compreensão da sociedade e novas respostas. Comemorar o restabelecimento de um voo agora em 2013 quando há 30 anos o cotidiano era mais eficiente, não vejo motivo para tanto regozijo. Se fosse possível desfiar o tempo, seria melhor para todos a entrada no túnel do tempo voltando aos anos 70 e quando falo nos anos 70 eu falo de quase 40 anos atrás.
Não descarto a importância do restabelecimento dos voos entre PAF e SSA. Pelo menos nas 2ª, 4ª e 6ª feiras o percurso PAF-SSA será feito em 45 minutos, enquanto pelo transporte terrestre a perda é de pelo menos um terço de dia. Mesmo reconhecendo o esforço, é muito pouco para o que PAF precisa e nem isso será a Independência do Brasil.
Se o restabelecimento de voo entre PAF–SSA era uma necessidade.
As grandes demandas e reivindicações são outras e que os segmentos políticos ouçam as ruas.
Paulo Afonso, 19 de outubro de 2013.
Fernando Montalvão.
Montalvão Advogados Associados.
www.montalvao.adv.br
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É um lugar comum. Os políticos brasileiros estão mais uma vez na condição de Judas universal. Segundo parte majoritária da opinião pública, nossa classe política é constituída de sociopatas. Também já se tornou lugar comum lembrar que esses políticos não vieram de Marte. Nem dos EUA. Vieram todos da sociedade brasileira. Diante disso, um terceiro lugar comum ainda decreta que a corrupção é culpa da ignorância do povo brasileiro votando. Mas não, meus caros. Há muito mais em jogo do que ignorância.Primeiro, evidentemente, a natureza humana. Somos (também) naturalmente egoístas, portanto, nenhum governo ou sistema político jamais eliminará todas as formas de corrupção. A crença de que a educação e o conhecimento permitiriam a escolha de políticos honestos vem da ideia socrática de que todo erro moral é fruto da ignorância. Isto muitas vezes está por trás de ingênuos debates de família ou de facebook, no qual o interlocutor vaticina que uma posição política ou econômica diferente da dele é fruto de “ignorância”, e não de outro projeto de sociedade. Mas numa sociedade dividida em classes, existem interesses antagônicos que definem as posições muito mais que o conhecimento: essas últimas são muitas vezes fruto de uma ideologia, entendida aqui como discurso organizado de justificação de interesses de classe.Segundo, temos a farsa da democracia no regime capitalista. Atribuir aos agentes públicos a origem da corrupção é menos um ato de ignorância do que de má fé. Sempre que um agente público se corrompe, é porque um agente privado o corrompeu. Ora, o que é a corrupção senão o desvio do bem público para benefício privado? O poder esmagador do capital, que opera desde os veículos de informação de massas até os grandes bancos e empreiteiras, tem o poder de subjulgar governos, parlamentares e partidos. Financiando-os, chantageando-os e finalmente difamando-os. Nesta ordem.E é aqui que entra a terceira principal causa da corrupção brasileira: o eleitor corrupto. Figura tradicional da vida nacional, o eleitor corrupto nunca participou ativamente da vida política e se orgulha disso. Tem um bizarro senso de moralidade no qual decente é a pessoa que não se mete na vida pública e ocupa sua vida tentando ficar rico.Ganhar dinheiro dentro da lei é todo seu horizonte moral.Complemento natural de sua mentalidade é o discurso de que o sistema é bom, o problema são aqueles que não obedecem a lei: os bandidos e os corruptos. É a redução hipócrita da política ao moralismo conhecida no Brasil como “udenismo”. Degradar a imagem da totalidade da classe política, de todos aqueles que supostamente deveriam dedicar sua vida a melhorar a sociedade, é altamente libertador para o eleitor corrupto, ajudando-o a sentir-se mais confortável com suas opções de vida.E nada melhor para degradar a classe e a vida política do que permitir que bancos, indústrias, empreiteiras e empresas de ônibus contribuam para campanhas eleitorais. São dois coelhos com uma cajadada: garante que o capital controle a vida política não permitindo mudanças estruturais nas leis e na sociedade e submete todas as pessoas que se dedicam a vida política ao esgoto do financiamento privado de campanha. O custo atual das campanhas políticas na era da informação – inflacionadas pelo excesso de “doações” – não para de crescer, o que obriga qualquer político com pretensões eleitorais a se submeter a uma ciranda de súplicas por recursos que o permitam sonhar com a disputa. Se eleito, não pode pensar em não beneficiar seus doadores, pois nunca mais receberia recursos, isso se não fosse ainda chantageado por denúncias, falsas ou verdadeiras, da mídia.Os meios de comunicação ajudam na construção deste discurso só falando em políticos corruptos (os que os desobedecem), mas nunca em corruptores, seus anunciantes. O massacre midiático diário reforça a opinião de ingênuos e o discurso de hipócritas de que o problema é o caráter do político, e não o sistema político. Quando chega a eleição no entanto, o eleitor corrupto vota em candidatos notoriamente corruptos, beneficiados por avalanches de doações do sistema. Hipócrita, afirma que não tem opção, porque todos são desonestos. Todos são iguais. Mas curiosamente, ele nunca vota naqueles “iguais” que teme oferecerem uma longínqua possibilidade de mudança no sistema econômico.O eleitor corrupto sabe muito bem que enquanto planos de saúde financiarem campanhas, nunca haverá grandes investimentos no SUS. Ele sabe que o financiamento privado é o juro da dívida pública que come seus impostos, é seu rio poluído, sua estrada inacabada, seu engarrafamento, sua falta de metrô, o ônibus lotado. Mas ele sabe também que isso é a melhor forma de manter o sistema – onde acha que se dá bem – intacto. Trabalhando muitas vezes nas próprias empresas corruptoras, justifica-as como vítimas de extorsão da classe política. O corruptor é a vítima. O político, o vilão.Este mês, por cinco dias, milhares de eleitores corruptos saíram às ruas desse país lado a lado com outros milhares de cidadãos indignados com o estado da política nacional. Extasiados, sentiram o gosto da rua e bradaram aos céus seu ódio à política. Mas numa das reviravoltas que só a vida política oferece, eles ficaram nus. Ao propor exatamente aquilo que, consciente e inconscientemente, a maioria dos manifestantes brasileiros exigia – a reforma desse sistema político apodrecido – a Presidente Dilma levou os eleitores corruptos de um estado de delírio a um estado de estupor.Abandonando as ruas, esse câncer brasileiro está agora em casa preocupado, assistindo movimentos sociais dando a linha dos protestos e exigindo um plebiscito que pode, pela primeira vez, dar um verdadeiro golpe na corrupção brasileira se proibir o financiamento privado de campanhas. Erraticamente, afirmam que plebiscito é autoritário, que consultar o povo é ditadura da maioria e outras hipocrisias semelhantes.Mas se este plebiscito de fato se realizar, teremos a oportunidade de ver estes tristes personagens da vida nacional desmascarados à nossa volta. Eles falarão que o estado terá mais despesas ainda com o financiamento público de campanhas, fingindo ignorar que o Brasil gasta muitas vezes mais com o financiamento privado “retribuindo” com a corrupção às “doações” das empresas. Eles falarão que ele não acabará com o caixa dois, fingindo ignorar que os limites que serão estabelecidos às campanhas serão muito mais estreitos e que denúncias de caixa dois (por alguns, finalmente, sem rabo preso) serão muito mais frequentes. Eles falarão que isso não acabará com a corrupção, fingindo não saber que o que se quer é somente tornar possível a um político que não quer se corromper continuar na vida pública.E finalmente, sabendo que nada corrompe mais a política do que as doações de empresas, ele votará contra o financiamento público de campanhas. Mas a partir desse dia, uma coisa estará conquistada na política brasileira, ganhando ou perdendo o financiamento público. O direito sagrado de classificar qualquer exemplar dessa classe de hipócritas com seu adjetivo predileto: o de corrupto.*Gustavo Arja Castañon é doutor em psicologia e professor de filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Colabora com o “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Non abbiate paura“.http://quemtemmedodademocracia.com/2013/06/29/gustavo-castanon-o-eleitor-corrupto-uma-maldicao-da-democracia-brasileira/
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