Documentos revelam detalhes da tortura sofrida por Dilma em Minas na ditaduraEm
outubro de 201, a mulher que usava codinome e que seria alçada nove
anos mais tarde ao posto de presidente do Brasil revelou em depoimento,
até agora inédito, o sofrimento vivido nos porões da ditadura em Minas
Carlos Chagas
Carlos Newton
Chris Marsden ( do Countercurrents)
Mauro Julio Vieira
Carlos Newton
Pedro do Coutto
comentários
Publicação: 17/06/2012 08:47 Atualização: 17/06/2012 09:41
A presidente Dilma Vana Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em
Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio
de Janeiro, como se pensava até agora. Em Minas, ela foi colocada no pau
de arara, apanhou de palmatória, levou choques e socos que causaram
problemas graves na sua arcada dentária. É o que revelam documentos
obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas , que até então mofavam
na última sala do Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais
(Conedh-MG). As instalações do conselho ocupam o quinto andar do
Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte. Um tanto decadente,
sujeito a incêndios e infiltrações, o velho Maletta foi reduto da
militância estudantil nas décadas de 1960 e 70.
Perdido
entre caixas-arquivo de papelão, empilhadas até o teto, repousa o
depoimento pessoal de Dilma, o único que mereceu uma cópia xerox entre
os mais de 700 processos de presos políticos mineiros analisados pelo
Conedh-MG. Pela primeira vez na história, vem à tona o testemunho de
Dilma relatando todo o sofrimento vivido em Minas na pele da militante
política de codinomes Estela, Stela, Vanda, Luíza, Mariza e também Ana
(menos conhecido, que ressurge neste processo mineiro). Ela contava
então com 22 anos e militava no setor estudantil do Comando de
Libertação Nacional (Colina), que mais tarde se fundiria com a Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR), dando origem à VAR-Palmares.
As terríveis sessões de tortura enfrentadas pela então jovem estudante subversiva já foram ditas e repisadas ao longo dos últimos anos, mas os relatos sempre se referiam ao eixo Rio-São Paulo, envolvendo a Operação Bandeirantes, a temida Oban de São Paulo, e a cargeragem na capital fluminense. Já o episódio da tortura sofrida por Dilma em Minas, onde, segundo ela própria, exerceu 90% de sua militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora.
Com a palavra, a presidente: “Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. Geralmente, o básico era o choque”. Ela continua: “(...) se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes usava palmatória; usaram em mim muita palmatória. Em São Paulo, usaram pouco este ‘método’”.Bilhetes Dilma foi transferida em janeiro de 1972 para Juiz de Fora, ficando presa possivelmente no quartel da Polícia do Exército, a 4ª Companhia da PE. Nesse ponto do depoimento, falham as memórias do cárcere de Dilma e ela crava apenas não ter sido levada ao Departamento de Ordem e Política Social (Dops) de BH. Como já era presa antiga, a militante deveria ter ido a Juiz de Fora somente para ser ouvida pela auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM). Dilma pensou que, como havia ocorrido das outras vezes, estava vindo de São Paulo a Minas para a nova fase do julgamento no processo mineiro. Chegando a Juiz de Fora, porém, ela afirma ter sido novamente torturada e submetida a péssimas condições carcerárias, possivelmente por dois meses.
Nesse período, foi mantida na clandestinidade e jogada em uma cela, onde permaneceu na maior parte do tempo sozinha e em outra na companhia de uma única presa, Terezinha, de identidade desconhecida. Dilma voltou a apanhar dos agentes da repressão em Minas porque havia a suspeita de que Estela teria organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga a Ângelo Pezzuti, ex-companheiro da organização Colina, que havia sido preso na ex-Colônia Magalhães Pinto, hoje Penitenciária de Neves. Os militares haviam conseguido interceptar bilhetinhos trocados entre Estela (Stela nos bilhetes, codinome de Dilma) e Cabral (Ângelo), contendo inclusive o croqui do mapa do presídio, desenhado à mão (veja reproduções ao lado).
Seja por discrição ou por precaução, Dilma sempre evitou falar sobre a tortura. Não consta o depoimento dela nos arquivos do grupo Tortura Nunca Mais, nem no livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz Maklouf, de 1998. Só mais tarde, em 2003, ele conseguiria que Dilma contasse detalhes sobre a tortura que sofrera nas prisões do Rio e de São Paulo. Em 2005, trechos da entrevista foram publicados. Naquela época, a então ministra acabava de ser indicada para ocupar a Casa Civil.
O relato pessoal de Dilma, que agora se torna público, é anterior a isso. Data de 25 de outubro de 2001, quando ela ainda era secretária das Minas e Energia no Rio Grande do Sul, filiada ao PDT e nem sonhava em ocupar a cadeira da Presidência da República. Diante do jovem filósofo Robson Sávio, que atuava na coordenação da Comissão Estadual de Indenização às Vítimas de Tortura (Ceivt) do Conedh-MG, sem remuneração, Dilma revelou pormenores das sessões de humilhação sofridas em Minas. “O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida”, disse.
Humilde Apesar de ser ainda apenas a secretária das Minas e Energia, a postura de Dilma impressionou Robson: “A secretária tinha fama de durona. Ela já chegou ao corredor com um jeito impositivo, firme, muito decidida. À medida que foi contando os fatos no seu depoimento, ela foi se emocionando. Nós interrompemos o depoimento e ela deixou a sala com uma postura diferente em relação ao momento em que entrou. Saiu cabisbaixa”, conta ele, que teve três dias de prazo para colher sete depoimentos na capital gaúcha. Na avaliação de Robson, Dilma teve uma postura humilde para a época ao concordar em prestar depoimento perante a comissão. “Com ou sem o depoimento dela, a comissão iria aprovar a indenização de qualquer jeito, porque já tinha provas suficientes. Mas a gente insistia em colher os testemunhos, pois tinha a noção de estar fazendo algo histórico”, afirma o filósofo
As terríveis sessões de tortura enfrentadas pela então jovem estudante subversiva já foram ditas e repisadas ao longo dos últimos anos, mas os relatos sempre se referiam ao eixo Rio-São Paulo, envolvendo a Operação Bandeirantes, a temida Oban de São Paulo, e a cargeragem na capital fluminense. Já o episódio da tortura sofrida por Dilma em Minas, onde, segundo ela própria, exerceu 90% de sua militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora.
Com a palavra, a presidente: “Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. Geralmente, o básico era o choque”. Ela continua: “(...) se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes usava palmatória; usaram em mim muita palmatória. Em São Paulo, usaram pouco este ‘método’”.Bilhetes Dilma foi transferida em janeiro de 1972 para Juiz de Fora, ficando presa possivelmente no quartel da Polícia do Exército, a 4ª Companhia da PE. Nesse ponto do depoimento, falham as memórias do cárcere de Dilma e ela crava apenas não ter sido levada ao Departamento de Ordem e Política Social (Dops) de BH. Como já era presa antiga, a militante deveria ter ido a Juiz de Fora somente para ser ouvida pela auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM). Dilma pensou que, como havia ocorrido das outras vezes, estava vindo de São Paulo a Minas para a nova fase do julgamento no processo mineiro. Chegando a Juiz de Fora, porém, ela afirma ter sido novamente torturada e submetida a péssimas condições carcerárias, possivelmente por dois meses.
Nesse período, foi mantida na clandestinidade e jogada em uma cela, onde permaneceu na maior parte do tempo sozinha e em outra na companhia de uma única presa, Terezinha, de identidade desconhecida. Dilma voltou a apanhar dos agentes da repressão em Minas porque havia a suspeita de que Estela teria organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga a Ângelo Pezzuti, ex-companheiro da organização Colina, que havia sido preso na ex-Colônia Magalhães Pinto, hoje Penitenciária de Neves. Os militares haviam conseguido interceptar bilhetinhos trocados entre Estela (Stela nos bilhetes, codinome de Dilma) e Cabral (Ângelo), contendo inclusive o croqui do mapa do presídio, desenhado à mão (veja reproduções ao lado).
Seja por discrição ou por precaução, Dilma sempre evitou falar sobre a tortura. Não consta o depoimento dela nos arquivos do grupo Tortura Nunca Mais, nem no livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz Maklouf, de 1998. Só mais tarde, em 2003, ele conseguiria que Dilma contasse detalhes sobre a tortura que sofrera nas prisões do Rio e de São Paulo. Em 2005, trechos da entrevista foram publicados. Naquela época, a então ministra acabava de ser indicada para ocupar a Casa Civil.
O relato pessoal de Dilma, que agora se torna público, é anterior a isso. Data de 25 de outubro de 2001, quando ela ainda era secretária das Minas e Energia no Rio Grande do Sul, filiada ao PDT e nem sonhava em ocupar a cadeira da Presidência da República. Diante do jovem filósofo Robson Sávio, que atuava na coordenação da Comissão Estadual de Indenização às Vítimas de Tortura (Ceivt) do Conedh-MG, sem remuneração, Dilma revelou pormenores das sessões de humilhação sofridas em Minas. “O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida”, disse.
Humilde Apesar de ser ainda apenas a secretária das Minas e Energia, a postura de Dilma impressionou Robson: “A secretária tinha fama de durona. Ela já chegou ao corredor com um jeito impositivo, firme, muito decidida. À medida que foi contando os fatos no seu depoimento, ela foi se emocionando. Nós interrompemos o depoimento e ela deixou a sala com uma postura diferente em relação ao momento em que entrou. Saiu cabisbaixa”, conta ele, que teve três dias de prazo para colher sete depoimentos na capital gaúcha. Na avaliação de Robson, Dilma teve uma postura humilde para a época ao concordar em prestar depoimento perante a comissão. “Com ou sem o depoimento dela, a comissão iria aprovar a indenização de qualquer jeito, porque já tinha provas suficientes. Mas a gente insistia em colher os testemunhos, pois tinha a noção de estar fazendo algo histórico”, afirma o filósofo
Carlos Newton
Pedro do Coutto
Mercado baixa previsão de crescimento para 2012
De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo BC, a projeção para o PIB recuou de 2,53% para 2,30%G20 se reúne no México para discutir a crise da zona do euro
Dilma chega a San José Del Cabo para o encontro. Presidente vai preparar terreno para possíveis avanços na Rio+20Documento da Rio+20 deve ser finalizado hoje
A tendência é excluir as propostas conflitantesProteção ambiental deve constar de relatório final
Defesa dos oceanos também será incluída na proposta
Após alívio na Grécia, reunião do G20 tem a meta de fortalecer euro
Grupo das principais economias emergentes se reúne no México após eleições na Grécia
ensino superiorComeçam hoje inscrições para
o Sisu; há mais de 30 mil vagasteste folha/ipemBalanças erram peso de malas em Cumbica e Congonhas, em SP
ONU cria outra forma de medir riqueza; Brasil fica em 5ª posição
Documento
Confira as revisões que o herdeiro de segurado pode ter
Herdeiros de um aposentado do INSS que não deixou pensionista podem receber os atrasados a que o segurado tinha direito
investimento
durante ditadura militar
na grécia
Conselho de Ética vota cassação de Demóstenes Torres nesta 2ª-feira
Relatório deve propor perda do mandato; se for aprovado pelo colegiado, processo seguirá para a CCJSete sessões para o recesso, dezenas de pendências
Com a folga dada esta semana, Congresso terá na prática
apenas mais sete dias para sessões deliberativas. E ainda há diversos
itens importantes para apreciaçao na pauta
Continue Lendo...
Com São João e Rio+20, Congresso terá semana pouco movimentada
Roberto Kupski: os males da guerra fiscal
No Fórum, Maritânia Dalagnol: as eleições e a cota de mulheres candidatas
Juiz que ordenou prisão de Cachoeira é trocado de vara
'Não salvo investigação nenhuma', avisa magistrado sobre caso Cachoeira
O desembargador Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), deve retomar nesta segunda-feira (18) o julgamento do habeas corpus que pede a anulação das provas das operações Vegas e Monte Carlo, contra o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogo ilegal. Em entrevista ao G1, Ribeiro, cujo voto pode ser decisivo, disse que não “salva” investigação nenhuma, ao ser perguntado sobre a possibilidade de anulação das provas. “A investigação é que tem de se salvar, demonstrando que obedeceu a Constituição”, declarou. Na última terça (12), o magistrado pediu vista do processo depois que o relator da ação na Corte, desembargador Tourinho Neto, classificou como “ilícitas” as gravações feitas pela Polícia Federal da PF e votou a favor da anulação das interceptações telefônicas. Segundo Tourinho, o juiz da primeira instância que autorizou as escutas não teria “fundamentado” em seu despacho a real necessidade da utilização desse método de investigação.Supremo decide amanhã destino de Demóstenes
Defesa entrou com um pedido para evitar a votação do
parecer no seu processo por quebra de decoro parlamentar. Senador
argumenta que leitura e votação do relatório não podem ocorrer no mesmo
dia
Vice-governador casa filho no castelo, e sai barato
Aluguel de dois salões em castelo italiano saiu por
bem menos do que um deputado pagou no Copacabana Palace e ainda menos do
que um jornalista pagará em Brasília, conta Leandro Mazzini, na Coluna
Esplanada
Corrupção: crime contra a sociedade
“Se vivessem na China, muitos corruptos acabariam na forca por crime contra a economia popular”
Desembargador do TJDF mantém Cachoeira preso
Defesa do bicheiro entrou com habeas corpus neste
sábado. Ele tem mandado de prisão pela investigação da Operação Saint
Michel, da Polícia Civil da capital
Colunistas
Roberto Kupski
Leonardo Boff
A sangria da guerra fiscal
“Estados estão renunciando ao ano a mais de R$ 50 bilhões em receita de ICMS”
Corrupção: crime contra a sociedade
“Se vivessem na China, muitos corruptos acabariam na forca por crime contra a economia popular”Nos jornais: bilhete levou Dilma a ser torturada em Minas
Royalties do petróleo, reajuste, comércio eletrônico e trabalho escravo na pauta
Dois Dirceus
Advogado de defesa, José Luiz de Oliveira Lima, diz que o ex-ministro José Dirceu não tinha ciência das decisões tomadas pelo tesoureiro Delúbio Soares e pelo ex-presidente do partido, José Genoíno; posição cria desconforto entre os demais réus do mensalão, que temem pagar um preço maiorcomentários