Luis Augusto Amoedo
Na conjuntura, que já vem de longa data, a taxa de juros no Brasil assusta qualquer pessoa, menos, claro, aos rentistas, aqueles que fazem aplicações financeiras atreladas aos títulos públicos, cujos ganhos, com uma Selic de 12,75% ao ano e que deve subir mais ainda, podendo chegar a 13,25%, são extraordinários.
No entanto, quem deseja comprar um imóvel ou um eletrodoméstico fica com a pulga atrás da orelha, sem saber se o juro que irá pagar poderá levar o cidadão à inadimplência.
No caso do crédito imobiliário ele é o mais baixo quando comparado ao varejo e oscila entre 6% a 12% anual para financiamento de habitação destinada à classe média, a depender do valor do imóvel e das condições de pagamento de quem vai adquirir o imóvel. Leve-se também em consideração a relação que o cliente tem com a instituição financeira, o banco.
Apesar de só agora ter sido aprovado o cadastro positivo, na prática os bancos o praticam e oferecem taxas melhores aos bons clientes.
Quando o financiamento imobiliário desce para as classes mais baixas, os programas habitacionais atendidos pela Caixa Econômica, a exemplo Minha Casa, Minha Vida, praticam juros entre 4% a 5% ao ano. Descontada a inflação, eles chegam até ser negativos.
Como são operações financeiras de longo prazo, o que determina o acerto do financiamento é muito mais a capacidade de pagamento do comprador do imóvel, do que a taxa de juros estabelecida no contrato.
Juro baixo e prazo longo são os principais atrativos para quem procura financiamento imobiliário. As taxas de juros do crédito imobiliário são boas e com prazos de até 30 anos, condição, por exemplo, que não se estabelece no varejo, cujas taxas de juros são estratosféricas.
A explicação para o crédito imobiliário poder oferecer taxas de juros atraentes para compra da casa própria está no fato de que a fonte de recursos, a poupança e o FGTS, é barata para os bancos.
Mas essa situação vai mudar, porque a poupança, a maior fonte de financiamento imobiliário, está secando. Enquanto o financiamento imobiliário cresceu 65% em 2010, a poupança vem aumentando apenas entre 15 e 20% nos últimos anos.
Seria importante o governo e agentes privados incentivar o brasileiro a poupar, através de campanhas publicitárias, como se fez no passado, na época da Casa Forte, Aspeb, por exemplo, e reduzir de 30% para 10% o recolhimento do compulsório em cima da poupança a que os bancos são obrigados. Nos quatro primeiros meses do ano, as retiradas foram superiores aos depósitos em R$ 700 milhões. É dada como certa que haverá esgotamento desse recurso em 2014.
Portanto, o estímulo à poupança é essencial, não só para financiar a casa própria, como para inibir o consumo desenfreado. No varejo a situação é bem diferente. Em abril as taxas de juros praticadas no comércio ficou em média 6,81% ao mês, contra 6,78% em março. Esse resultado coloca o juro no patamar de 120,47%, ao ano.
Um financiamento de R$ 1.500, em 12 parcelas fixas, custaria R$ 2.243. Portanto, R$ 743,40 corresponderia aos juros, ou seja, o custo do crédito. São quase 50% a mais do valor contratado.
Mas quando a compra é efetuada no cartão de crédito e o consumidor não consegue pagar o valor parcelado, os cartões oferecidos por grandes varejistas cobram juros de 122% a 492% ao ano
Luis Augusto Amoedo - Diretor da Brasil Brokers - Empresário-guto@britoeamoedo.com.br
Fonte: Tribuna da Bahia