sexta-feira, maio 06, 2011

O assunto Bin Laden é inesgotável. Tanto quanto o terrorismo. Bin Laden morreu? Se isso aconteceu, o terrorismo ganhou vida longa. Junto com “maquiavelismo” de Obama?

Helio Fernandes

Em 1961, tomando posse no dia 20 de janeiro (data que era utilizada pela primeira vez desde a emenda constitucional de 1952), o presidente Kennedy, contra a vontade, teve que invadir Cuba, no que se chamou de ataque da “Baía dos Porcos”.

Não pôde recusar. A derrota levou-o ao desespero, principalmente por ser público que não apoiava o ataque. Os jornalões não puderam publicar coisa alguma, apesar da EMENDA NÚMERO 1.

Agora, querendo mostrar que é todo-poderoso e que faz o que bem entender, Obama se recusa a mostrar o corpo de Bin Laden. Diz: “As fotos são horrorosas”, vai haver “comoção do público nos EUA”. Só pensou no povo americano, e o resto do mundo?

Logo depois, numa outra mistificação, divulgou: “Os membros da al-Qaeda podem acreditar que é provocação, se julgarem na obrigação de fazer retaliação imediata”. Só imediata?

Já escrevi que haverá retaliação, mas provavelmente não será imediata, podem ou devem querer manter o medo num suspense mais do que intranquilizador. E as autoridades americanas contribuem para aumentar essa sensação de angústia, tensão, a incerteza do que pode acontecer.

A Secretaria Nacional de Segurança afirmou publicamente: “Estamos reforçando todos os pontos prováveis de acesso de terroristas, principalmente aeroportos”? Mais? Um chanceler brasileiro foi obrigado a tirar os sapatos. Agora com a segurança reforçada, terão que tirar a roupa?

A Secretaria duvida do presidente, ou pensa (?) diferente? Obama pediu “cautela” a americanos no exterior, a trabalho ou passeio. Com isso aumentou o risco, e quase acertou, pois provavelmente, pelo menos inicialmente, a retaliação não precisa ser feita dentro dos EUA. É o que deve acontecer.

Assim que “determinou” onde Bin Laden estava com a “complacência” do Paquistão, Obama deu a ordem: “Tem que ser morto, não pode ser preso, isso seria um desastre para os EUA”. Aí teve, digamos, a intuição certa. Preso vivo, teria que ser levado a julgamento lá mesmo no país.

Sem dúvida, esse seria o JULGAMENTO DO SÉCULO, tudo o que al-Qaeda precisava, pretendia e esperava. Dentro do quadro da ilegalidade, a determinação, “Bin Laden não ser preso vivo”, perfeitamente coincidente e compreensível. Surgiriam dezenas ou centenas de advogados de todas as partes do mundo, sem esquecer dos que vivem e advogam nos EUA.

Obama está sofrendo pressão para mostrar as fotos e imagens dos fatos, que aconteceram ou “aconteceram”? Resiste de todas as maneiras, foi categórico: “Nada será mostrado”. Falou então que as fotos são “horrorosas, ninguém resistirá à exibição?

Afinal, o que fizeram com o corpo do terrorista? Amigos dos EUA me contam o que se especula: Bin Laden estaria sem cabeça, o corpo tão desfigurado, que justificaria a palavra usada, “horrorosa”. (Tudo é parte da especulação, o que não é proibido. Obama foi um dos primeiros a ver as fotos, garantem que nesse momento decidiu manter tudo longe do alcance do público).

Apesar de todas as ilegalidades, Obama não pode praticar mais essa de se recusar a liberar fotos e imagens do episódio que terminou com a morte do terrorista procurado há 10 anos. É a própria Constituição que não dá esse direito a Obama, mesmo que se considere distorção usar a palavra “direito”.

A Suprema Corte, em 1974, no caso Watergate, decidiu: “As fotos e as imagens não pertencem ao presidente e sim à coletividade”. A situação de agora tem toda a semelhança (e ainda maior repercussão) com o fato que levou à renúncia de Nixon. Estabelecendo pela primeira vez nos Estados Unidos um governo com presidente indireto (Gerald Ford, presidente da Câmara) e o vice Nelson Rockefeller, escolhido por ele (também, indireto).

Aliás, a Tribuna da Imprensa, há 37 anos, foi o primeiro jornal do mundo a prever que “Nixon não resistiria e renunciaria”. Matéria do correspondente Paulo Francis, o primeiro jornalistas a fazer coluna diária, de um país para outro, sem a fantástica tecnologia de agora.

O procurador-geral acusou o presidente Nixon de “obstrução à Justiça”. A arguição chegou à Suprema Corte no dia 8 de julho, a decisão (em 25 laudas) foi publicada no dia 24 do mesmo julho, 16 dias, comparem com a Justiça brasileira.

Não acreditem na afirmação do diretor-geral da CIA; “O endereço onde estava Bin Laden, foi obtido depois de prolongadas sessões de tortura, com os mais diversos prisioneiros. Tortura efetiva e tortura simulada, como confessou.

Pode ser verdade ou mentira, a CIA adora aparecer como corrupta e torturadora. Qual o órgão que confessa publicamente que TORTURA? A não ser que seja arrogante, prepotente e sem princípios como a CIA.

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PS – O presidente Obama “homenageou” as vítimas do 11/9. Não foi bem homenagem aos 3 mil que morreram, mas quase um apelo aos 30 milhões que devem votar na tentativa de reeleição, no ano que vem.

PS2 – Tanto isso é verdade, que convidou, PESSOALMENTE, o ex-presidente Bush. Ele disse que gostaria de ir, “mas não estou saindo de casa, vou ver”.

PS3 – Só que como tudo se sabe, a direção do Partido Republicano logo se comunicou com ele, dizendo: “Você é Republicano, não pode estar aparecendo ao lado de um presidente Democrata, em plena campanha”.

PS4 – Bush não foi, Obama lamentou. O que eu chamei de REVERSÃO DA SUA POPULARIDADE, ele sentiu que está acontecendo. A CIA pode adorar TORTURA, mas o cidadão tem horror a isso.

Fonte: Tribuna da Imprensa