domingo, abril 24, 2011

Miragens, fantasias, mistificações, bravata, distância impressionante da realidade. Afirmação textual do próprio governo: “14 milhões de brasileiros, abaixo da linha de pobreza, serão transferidos para a classe média”.

Helio Fernandes

Os governos, sem exceção, usam dos mais absurdos recursos, para mistificar a opinião pública. Agora, é a obsessão de aumentar a “classe média”, embora não consigam nem definir o que significa aquilo que identificam como “classe média”. Segundo os formuladores do governo Dilma (o que já era propagado e retumbado pelo próprio Lula), 1 mil e 380 reais já é considerado “classe média”.

Economistas em geral, usam e abusam da expressão, mas não definem de forma alguma o que isso realmente representa. Economistas em geral, assessores dos mais diversos presidentes, têm “histérica admiração” pela Fundação Getulio Vargas. Acertam e erram, normalmente. Mas, lógico, a FGV não é a Bíblia.

Seria melhor que ouvissem, seguissem e compreendessem, o que a ONU vem repetindo há anos: “Quase um terço da população do planeta, vive (?) abaixo da linha da pobreza”.

Como essa população já chegou (e passou ligeiramente dos 7 bilhões de habitantes), os que não têm o que comer, onde dormir ou trabalhar já chegam a um total de 2 BILHÕES E 300 MILHÕES DE PESSOAS. Esse numero é quase inacreditável, mas rigorosamente verdadeiro. Só a China e a Índia, somam 2 bilhões e 400 milhões de habitantes.

Apenas um comentário. O economista que criou a sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) merece todos os elogios, pois foi consagrada no mundo todo, um “achado” de linguagem. Não sei o nome do economista-jornalista, nenhuma restrição. Mas popularizando esse BRIC, violentou a hierarquia, vista por todos os lados. Colocou o Brasil em primeiro lugar, a China em último, a Índia quase no final. Bastaria que refletisse mais um pouco e inventasse a sigla CIRH (China, Índia, Rússia, Brasil). Perfeito na concepção e na hierarquia. E também facílima de pronunciar.

Agora, alardeiam, que palavra, a meta urgente e imediata do Brasil: “Tirar 14 milhões de pessoas que reconhecem abaixo da linha da pobreza, para a classe média”. Não tendo o que comer, como morar, (nem falo em saúde e educação) é porque não têm salário, remuneração, recompensa por um trabalho que não existe nem encontram.

Para passarem à classe media (mesmo pelos cálculos mais absurdos), terão que receber esses imaginários 1 mil e 380 reais, consagrados pelos governos? Incluindo o atual, o divulgador dessa meta que conseguiriam fácil (vá lá, possível) de atingir.

E os milhões que recebem apenas salário mínimo? São milhões de pessoas, tantas que o governo ficou um tempo enorme, discutindo migalhas. Se não eram tantos, porque o desgaste inevitável e mais do que visível do governo, já da Dona Dilma?

Não se restringem ao salário mínimo. E os que pelo menos no Norte/Nordeste vivem (?) do “Bolsa-Família”. Não uma solução, mas um teste-experiência, uma realidade, que agora não pode ser excluída da vida brasileira. E na verdade, Lula e Dilma não querem extirpar. Lula o criador, Dilma a seguidora.

E isso não pode ser condenado, a não ser pelos que se alimentam de teorias. A existência destes, é identificada de outra forma.

***

PS – Dona Dilma entrou numa estrada intransitável, que provoca desgastes que nem ela nem os conselheiros perceberam.

PS2 – Se encontraram a formula mágica de transformar o nada (em dinheiro) para 1 mil e 380 reais, deviam cedê-la à ONU. Esta não tem 14 milhões para fazer sobreviver e sim 2 BILHÕES E 300 MILHÕES DE PESSOAS.

PS3 – Bem diferente. Aqui e no resto do mundo.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa