terça-feira, fevereiro 08, 2011

Para Nilo, Zé Neto não tem perfil para líder

Lílian Machado

Apesar de a eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa ter se passado há uma semana, o assunto ainda tem sido motivo de conflito entre o novo líder do governo, deputado Zé Neto (PT), e o presidente reeleito Marcelo Nilo (PDT). Mesmo em clima de satisfação por sua recente conquista na permanência do cargo de chefe maior da Casa Legislativa, o pedetista demonstrou sua ira ontem ao responder as críticas do petista a respeito de sua reeleição ao comando do parlamento.

Irritado com as declarações de Zé Neto, concedidas em entrevista na edição de ontem da Tribuna da Bahia, Nilo disse que não vai mais deixar “passar em branco” suas observações e provocou: “Ele está é com muita dor de cotovelo, pois não conseguiu nem viabilizar sua candidatura para disputar comigo”, disparou. Numa referência ao presidente, em conversa com a TB, Zé Neto disse que “era preciso acabar com a reeleição infinita”. Em entrevista ao jornal, Nilo rebateu com ironia as afirmações do petista.

“Eu passei quatro meses apanhando de Zé Neto e imaginei que o assunto estava encerrado, mas, pelo visto, ele continua me criticando, dizendo que eu quero ser presidente infinito. Pois, agora eu quero dizer para Zé Neto que: numa votação secreta aqui nesta Casa, ele não ganha nem para inspetor de quarteirão”, disse.

Em tom de crítica, o presidente do Legislativo disse ainda que esperava do petista “uma postura verdadeira de líder do governo”. “Pois, toda vez que ele me criticar, agora eu irei responder”, ameaçou. O pedetista frisou que não tem nada pessoal contra o petista, mas não aceita a sua atitude de continuar declarando-se contra a sua reeleição. “Ele tem bom caráter e é um bom deputado, mas não concordo com a sua maneira de fazer política. Waldenor Pereira, que era o líder da bancada do governo, agregava, não espatifava.

Agora, na primeira entrevista que Zé Neto dá, já quer espatifar?”, comparou. Nilo disse que não se sente ameaçado com a possibilidade de criação de uma emenda constitucional que vete a reeleição na Casa. “Isso não depende de mim. Inclusive, eu nem voto, mas se ele quiser é só apresentar a emenda e eu sanciono se for aprovada”, ressaltou. Nilo também alfinetou Zé Neto ao pedir licença ao governador Jaques Wagner (PT) e dizer que ele não tem perfil para ser líder.

“Para ser um bom líder de bancada é preciso ter controle e inteligência emocional, afinal a pessoa vai liderar seus pares iguais”, cutucou, considerando, porém, que a decisão do chefe executivo deve ser respeitada. Entretanto, o presidente disse que pretende seguir em frente “encarando os desafios” impostos pela tarefa de presidir o parlamento. Segundo ele, além do orçamento apertado que terá que administrar com equilíbrio nessa nova legislatura, outro objetivo será o de votar cada vez mais os projetos apresentados pelos deputados.

Comissões entram na pauta

Depois da eleição da Mesa Diretora, a indicação dos nomes para as comissões permanentes e temporárias deve centralizar as discussões nos bastidores da Casa. Nas lideranças do governo e da oposição, o clima será de muita conversa nos próximos dias para definir quais nomes devem compor as quinze comissões.

A disputa principal será pelos comandos de duas delas: Constituição e Justiça e Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle. Segundo o regimento interno, na distribuição, calcula-se a proporcionalidade de cada aglomeração partidária.

Com isso especula-se que o PT, com 13 deputados, deve ficar com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, por onde passam todos os projetos. Segundo Nilo, a questão deve ser discutida a partir do dia 15, na reabertura dos trabalhos.

Fonte: Tribuna da Bahia