CRISTIANE FELIX
Nariz de palhaço, carro de som e fanfarra. Não fosse pelas camisetas e cartazes com os dizeres “Estamos em greve” e pelo sentimento de indignação, a mobilização dos servidores do judiciário federal (TRT, TRE, Justiças Federal e Militar da União) pareceria comemoração, tamanho foi o barulho que os manifestantes fizeram na tarde de ontem em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil –Seção Bahia (OAB).
O Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal na Bahia (Sindijufe-BA) concentrou o ato público nos portões da OAB em protesto à visita do presidente da Ordem, Saul Quadros, acompanhado por um fotógrafo, ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no primeiro dia de paralisação dos servidores.
Alegando que o presidente teria ido de setor em setor do TRT fotografando os servidores que estariam trabalhando e aqueles que teriam aderido à paralisação, os manifestantes carregavam a réplica ampliada de uma máquina fotográfica, em alusão ao ocorrido, além de narizes de palhaço e cartazes com mensagens diretamente direcionadas a Saul Quadros.
Em panfleto distribuído durante o manifesto, o sindicato afirma que os trabalhadores tiveram seus direitos violados e que, em ação judicial, a OAB estaria tentando vetar os direitos de greve dos trabalhadores.
“Saul Quadros esteve em comitiva ao TRT fotografando os servidores que se encontravam exercendo seu direito constitucional de greve, com objetivo de constrangê-los e intimidá-los, além de cometer violação de direito de imagem destes trabalhadores”, destaca o Sindijufe-BA.
A nota ressalta ainda que, no entendimento da categoria, a OAB deveria demonstrar seu interesse em solucionar o problema “atuando em Brasília ou através de interlocutores baianos, para que o Governo Federal e o STF cheguem a uma proposta de acordo aceitável para servidores, o que até agora não aconteceu”.
A OAB, através de sua assessoria de comunicação, rebateu as acusações garantindo que não é contra o direito de greve dos servidores, apenas a considera inoportuna pela data próxima ao recesso forense, que inicia no dia 20 de dezembro.
“No caso específico, a mesma se mostra inoportuna, seja pelo longo período em que a Justiça já esteve paralisada nesse segundo semestre, seja pela proximidade com o recesso forense”, criticou o presidente Saul Quadros.
Sobre a visita ao TRT, a assessoria da OAB disse que o presidente esteve no local no dia 17 de novembro apenas para verificar o funcionamento das Varas do Trabalho e que, em nenhuma hipótese teve a intenção de constranger os servidores. Ao ser questionada sobre a presença do fotógrafo, a assessoria afirmou que ele acompanhou o presidente apenas para fotografar os advogados presentes ao Tribunal naquele dia.
A Ordem obteve liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o movimento grevista. A decisão determina que os servidores mantenham um efetivo de, no mínimo, 60% da categoria em atividade, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Fonte: Tribuna da Bahia