A três dias de deixar a Presidência da República, o presidente Lula chorou três vezes esta noite em discurso feito em seu estado natal, Pernambuco. Lula foi às lágrimas ao ouvir uma homenagem de um poeta popular, ao ouvir o discurso do governador Eduardo Campos e ao falar de sua trajetória política.
"Eu não quero chorar mais do que já chorei. Vocês sabem que uma coisa que eu admiro no povo é que o povo chora para fora, o povo ‘cafunga’, lacrimeja, e político chora para dentro, fica com vergonha, e fica engolindo lágrimas, quando deveria colocar lágrimas para fora", disse o presidente, conforme relata o site G1.
Para Lula, sua chegada ao poder teve o “dedo de Deus”. "Eu sou agradecido a Deus em primeiro lugar, porque se não fosse o dedo de Deus não era normal que um retirante de Caetés, que saiu do sertão para fugir da fome, se transformasse em presidente da República do Brasil. Isso só pode ter o dedo de Deus".
O presidente disse que seguiu os conselhos da mulher, Marisa Letícia, ao disputar as eleições presidenciais de 2002, depois de três derrotas consecutivas. Segundo ele, seu caso mostra como é importante acreditar em si mesmo para alcançar os objetivos de vida. "Nós não conseguimos tudo, mas nós conseguimos gostar de nós, conseguimos nos respeitar, aprendemos acreditar em nós, e quem acredita em si próprio nunca será derrotado."
Trabalho
Ele afirmou que essa mesma convicção o fez superar adversidades principalmente do primeiro mandato. “Eu duvido que tenha tido um presidente da República que tenha trabalhado o tanto que eu trabalhei, que tenha viajado o tanto que eu viajei, que tenha cumprimentado as pessoas o tanto que eu cumprimentei. E não faço isso à toa porque eu quero sentir o pulsar do coração, da alma e da mente de cada mulher e de cada criança desse país. E foi com essa convicção que eu consegui governar o primeiro mandato depois de tantas coisas ruins que aconteceram e conseguimos chegar ao segundo mandato", disse.
Lula foi condecorado com a Ordem do Mérito dos Guararapes, a principal comenda do estado, durante a inauguração do Memorial Luiz Gonzaga. Ele pediu apoio à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e disse que continuará a participar da vida política do país. "Deixo a Presidência, mas não pensem que vão se livrar de mim, porque vou estar nas ruas deste país para ajudar a resolver os problemas do Brasil", declarou.O presidente ainda fez um balanço de seus oito anos de governo, destacou as obras feitas no Nordeste e homenageou o ex-governador Miguel Arraes (PSB), avô do atual governador de Pernambuco.
Fonte: Congressoemfoco