Helio Fernandes
Ultrapassou todos os obstáculos (ou armadilhas?), não deu o menor sinal de aborrecimento. Quase sem exceção, até amestrados garantem: “Quase todo o ministério foi indicado pelo ainda presidente Lula, a futura presidente apenas assiste”.
Quanta besteira, Manuel Bandeira, Dona Dilma está presente em tudo. Só que sem a menor hostilidade, sabe que mesmo que não nomeasse um só dos 37 ministros, isso não teria nenhuma importância. Todos esses que se julgam “Ministros poderosos” estarão sujeitos a ela. Que poderá mantê-los ou demiti-los, obedecendo apenas ao seu critério, avaliação e determinação.
A grande jogada da transição foi a comunicação da escolha dos Ministros, por grupos não identificados antes, não explicados depois. Realmente não sei de quem foi a ideia, mas seja de quem for, todos os louvores. Enquanto Lula de divertia, se promovia, bajulava a ele mesmo e criava fantasmas para um futuro que era desvendado, Dona Dilma trabalhava.
Incansavelmente, não ligava para os que se pronunciavam insensatamente. Durante a campanha, retirada por Lula dos subterrâneos da política e da administração, tudo poderia acontecer ou ter acontecido. Agora? O máximo que podem fazer, irritados ou revoltados, é não ir à sua posse.
Todos irão, não querem correr o risco da “interpretação” falsa ou não verdadeira da ausência. Sobre alguns faltosos, dirão, “não foram convidados”. Outras faltas sem comentários, nem serão notados, o grande susto.
A cada grupo de políticos que iam sendo escolhidos ou esquecidos e preteridos, comentários diversos. Era natural. Os lembrados, em festa. Os outros, e são tantos, tentavam desesperadamente nova oportunidade. Só que no Planalto (ainda não Alvorada) o tempo não passava. Os esquecidos não ressurgiam nem na lembrança nem na nomeação, não tinha direito sequer a velório.
Alguns que protestariam ou acreditavam que tinham condições para exigir alguma coisa pela intimidação, não sabem o que fazer, foram soberanamente deixados para o fim. Já estava perdendo o sono e as oportunidades. Quando chegou a vez deles, politicamente “se esvaíam em sangue”, era aceitar ou aceitar. (Parodiando Francisco Horta, quando assumiu a presidência do Fluminense e lançou o grito de guerra, “é VENCER OU VENCER”.
Se ela assumir com o espírito que acentuou na formação do Ministério, muita gente ficará contrariada.
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PS – Nesta véspera de Natal, (que todos recebam o que esperam, que continuem atentos e participantes, é o melhor que posso desejar), a atuação de Dona Dilma em relação a quatro governadores. Dois do PT, um do PSB e outro do PMDB.
PS2 – Cada um teve o que ela acha que merecia, mas agiu discretamente, sem alarde, vitoriosa, não comemorando;
PS3 – Amanhã, faltando 6 dias para assumir, analisemos o comportamento dela em relação aos quatro governadores, fiquem imaginando quais são.