segunda-feira, novembro 29, 2010

OS BANDIDOS FUGIRAM. HOUVE ACORDO?

Mas a surpresa, a estranheza e a perplexidade, deixam margem para especulações. No sábado, às 8 horas da noite, um dos coronéis que “chefiava” a operação, dizia: “Demos prazo aos bandidos para se entregarem até meia-noite. Se não se entregarem, começaremos a invasão”.

Um repórter não comprometido (existem, desde que fiquem longe dos “proprietários”) perguntou, “e se eles fugirem?” Resposta: “Não podem fugir, o Complexo do Alemão está todo cercado”. No dia seguinte, (ontem) ninguém foi preso, todos fugiram. Mas como e por onde?

Começou então a circular: foi feito acordo, os grandes traficantes “desapareceriam”, não seriam presos, mas deixariam de atuar. (Antonio Santos Aquino, sempre bem informado, deu até os nomes de quem poderia ter participado das conversas e negociações). A verdade é que ninguém dos que movimentam BILHÕES foi preso.

Recapitulando; por volta das 4 da tarde de sábado, uma “oferenda” surpreendente e rigorosamente inexplicável. O traficante Zen, do primeiro time, foi preso e apresentado triunfalmente, era o único.

Tentativa de explicação: esse bandido, cruel e sanguinário, covarde implacável, é um dos assassinos do jornalista Tim Lopes, barbaramente torturado. Mas esse Zen, que estava FORAGIDO há anos, sem que ninguém o encontrasse, o que foi fazer no Complexo do Alemão, na véspera e no dia da invasão?

O que diziam e com insistência: a “inteligência” das policiais sabia há muito onde estava esse Zen. Não quiseram prendê-lo a não ser numa emergência, que chegou ontem. Segundo informes, ele não estava no Alemão, foram buscá-lo e entregaram por caminhos diversos, para dar impressão de que estava no Alemão. E a “cobertura” da Globo, “terminava” gloriosamente.

E NINGUEM FALAVA NAS MILÍCIAS

Mas nada terminava aí, exatamente como a chamada invasão. Ninguém dava uma linha sobre as milícias, como se elas não existissem. Mas fontes me confidenciavam; “Helio, você não pode jogar fora uma existência de apaixonado pela informação, acreditando no que sugerem ou espalham como INVASÃO VITORIOSA”.

Acrescentou: “Tome nota, Helio, As milícias, ligadíssimas a Sergio Cabral, desde os tempos do Panamericano, receberiam aquele território enorme do Alemão e se implantariam ali. Os moradores, sempre enganados, mudariam de donos”.

E terminava: “Os milicianos não permitiriam DROGA, e como são menos cruéis, exaltam mais a alma de negociante e são ótimos em divisão, seriam os grandes vitoriosos”. (Pode não acontecer, mas não é hipótese surrealista).

Havia um clima de velório, abatimento, não prenderam ninguém importante? Então, depois da “falcatrua” prisional praticada contra um dos assassinos de Tim Lopes, desenterraram um episódio menor da véspera. E a TV concordou em retumbar, já havia sido recompensada. Um garoto assustado, simples “olheiro”, foi levado pela mãe (a TV Globo disse que foi o pai) à delegacia, explicaram: “Isso é prova de que TODOS CONFIAM na polícia”. Ha!Ha!Ha!

***

PS – A trombeteada invasão do Alemão, não foi invasão espetacular ou sensacional. Dava a impressão de “Tropa de Elite 3”, com roteiro e direção modificada. Por isso, ao contrário do filme de José Padilha, fracasso de público.

PS2 – Quanto ao sucesso de bilheteria, não se contabilizado, porque igual ao “mensalão”, não havia pagamento à vista. Mas muita gente enriquece “há 30 anos”. (Royalties para cabralzinho).

PS3 – Outros sinais de acordo. Pelo menos, na aparência. As polícias, todas, estão concentradas na descida e subida do Alemão, para fingir de “guerra” mesmo. Mas as ruas do Centro, Zona Sul e Barra, estão silenciosas, tranqüilas, bares movimentados.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa