Título oficial: Insight on pathogenesis of lifelong premature ejaculation: inverse relationship between lifelong premature ejaculation and obesity
Publicação: International Journal of Impotence Research
Quem fez: Ahmet Gökçe, do departamento de urologia da Universidade Erciyes, na Turquia
Instituição: Universidade Erciyes, na Turquia
Dados de amostragem: Entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, os pesquisadores compararam os resultados de 104 homens com ejaculação precoce e 108 de um grupo de controle.
Resultado: Os homens diagnosticados com ejaculação precoce eram mais magros que os saudáveis. Além disso, foi demonstrado que a prevalência da obesidade foi menor no grupo com ejaculação precoce que no grupo controle.
Pressão alta, problemas cardíacos, diabetes, derrame e alguns tipos de câncer são só algumas das condições de saúde que estão diretamente relacionadas à obesidade. Apesar de todas essas complicações, o excesso de peso pode trazer bons resultados para uma pequena parcela dos homens: os que têm ejaculação precoce. É o que diz um controverso estudo realizado por cientistas da Universidade Erciyes, na Turquia.
De acordo com a pesquisa, homens magros têm mais problemas com ejaculação precoce do que os que estão acima do peso. Para chegar aos resultados, os pesquisadores compararam o Índice de Massa Corpórea (IMC) e o desempenho sexual de cerca de 100 homens que reclamavam de uma ejaculação rápida com outros 100 homens de um grupo controle, que conseguiam manter relações sexuais por mais tempo. “Nós descobrimos que homens que sofrem de ejaculação precoce são magros”, disse Ahmet Gökçe, do departamento de urologia da universidade.
“A atividade sexual dos homens com IMC maior dura mais tempo porque eles possuem mais hormônios femininos em seu sistema, o que altera o equilíbrio químico no corpo”, sugere Gökeçe. Segundo a pesquisa, a relação sexual dos voluntários com excesso de peso durou 7,3 minutos, enquanto os voluntários mais magros marcaram 1,8 minuto durante o sexo. “Este é o primeiro estudo que investiga a relação entre a obesidade e a ejaculação prematura”, disse o pesquisador.
- O que já se sabia sobre o assunto
Até agora, as pesquisas científicas apontavam para o lado oposto: a obesidade está ligada à disfunção erétil. “É uma questão inusitada. A obesidade leva a uma síndrome metabólica, com doenças como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares, que podem alterar a circulação peniana – o que leva à disfunção erétil e à ejaculação prematura”, diz Otto Henrique Torres Chaves, urologista e chefe do departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
A ejaculação precoce é a incapacidade de controlar a ejaculação antes, durante ou logo após a penetração. Acredita-se que a ejaculação rápida ocorra por conta de fatores psicológicos, como ansiedade. No entanto, segundo Chaves, estudos afirmam que o problema pode ter fator genético. De acordo com as pesquisas, homens com essa condição tinham uma variação do gene que controla a ejaculação, conhecido como 5-HTTLPR. Para Chaves, o estudo turco apresentou falhas importantes em sua metodologia, que abrangem desde como se mediu o tempo de ejaculação até o critério para saber a gordura corporal.
“No fim do artigo, o pesquisador afirma que mais estudos são necessários para confirmar essa relação. Esses aspectos devem ser levados em consideração na próxima pesquisa.”
Especialista: Otto Henrique Torres Chaves, urologista.
Envolvimento com o assunto: chefe do departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
- Conclusão
Esqueça de adicionar alimentos calóricos na dieta, já que não está provado que o ganho de alguns quilos seja capaz impedir a ejaculação precoce. Por enquanto, a ciência oferece alguns tipos de medicamentos antidepressivos para lidar com o problema. “Essa situação deixa o paciente ansioso, dificulta ainda mais a relação com a parceira”, diz o urologista. De acordo com um levantamento realizado por Chaves, é possível encontrar resultados positivos se houver a combinação do tratamento com remédio associado à terapia de casal.
(Natalia Cuminale)
Fonte: Revista Veja