quarta-feira, outubro 20, 2010

PF prende cinco em operação contra venda de remédios falsos

Prisões foram feitas em flagrante nos estados de SC, MG, MA e SP. PF também apreendeu 15 mil comprimidos em oito estados

| G1/ Globo.com atualizado em 19/10/2010 às 19:02

A Polícia Federal prendeu cinco pessoas em flagrante durante a operação Panaceia, que investiga o comércio via internet de medicamentos adulterados ou falsificados. A operação teve início na madrugada do mesmo dia, e as prisões ocorreram nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Maranhão e São Paulo.

Segundo a assessoria da PF, foram apreendidos 15 mil comprimidos em cidades de oito estados: Belo Horizonte, Nova Serrana, Divinópolis, Juiz de Fora (MG), Campina Grande (PB), Niterói, Rio de Janeiro e Nova Iguaçu (RJ), Maringá (PR), Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Florianopolis (SC) e São Luís (MA). A Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) coordenou a operação no Brasil e em outros 44 países simultaneamente. No exterior, a operação é chamada de Pangeia III.

Foto: Divulgação/PF

Foto: Divulgação/PF / Imagem disponibilizada pela PF mostra medicamentos apreendidos em Minas Gerais na operação Panaceia Ampliar imagem

Imagem disponibilizada pela PF mostra medicamentos apreendidos em Minas Gerais na operação Panaceia

"Foram apreendidos medicamentos abortivos, anabolizantes, psicotrópicos e inibidores de apetite. Alguns têm venda proibida e outros exigem receita especial. Armazenar esse tipo de substância para a venda [sem devida autorização] é um crime", disse Elmer Vicente, delegado da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF. Segundo ele, uma única pessoa possuía cerca de 5 mil comprimidos de vários medicamentos quando foi feito o flagrante.

A ação contou com o auxílio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A polícia informou que a operação foi deflagrada depois de sete meses de investigações. Um efetivo de cem políciais participou da execução dos 20 mandados de busca e apreensão na manhã desta terça.

O delegado também informou que a pena mínima em caso de condenação por adulteração e falsificação de remédios é de dez anos, já que o crime é considerado hediondo. "Também levantamos que muitas pessoas foram vítimas de estelionato e nunca receberam os produtos comprados. Cerca de 37% das vendas que apuramos configuram estelionato", disse.

Segundo Vicente, os compradores também podem ser punidos. "A maioria das pessoas que compra os medicamentos pela internet tem consciência de que é uma venda ilegal na medida em que esses medicamentos não têm a sua venda permitida ou se exige uma receita especial, que não é cobrada por esses sites", afirmou.

A Polícia Federal identificou 54 canais de comercialização no país e sete no exterior, que possuem venda direta ao Brasil. "Quando [o caso] for submetido à Justiça, há um pedido de que esses sites sejam fechados. Quanto aos internacionais, repassamos as informações à Interpol para que eles tomem as devidas providências", disse o delegado da PF.

O delegado da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas, explicou que a operação já foi realizada em outros 44 países. "O Brasil geralmente é o último a completar essas operações comandadas pela Interpol, tanto pelas dimensões do país quanto pelos resultados, que costumam ser significativos", disse.

Segundo a Interpol, as ações nos outros países ocorreram entre 5 e 12 de outubro. A organização contabilizou 694 sites envolvidos em atividades ilegais de venda de medicamentos, dos quais 290 já foram fechados. No total, pouco mais de 1 milhão de comprimidos foram confiscados, incluindo antibióticos, esteroides, remédios contra câncer ou epilepsia, antidepressivos, medicamentos para emagrecimento e suplementos alimentares.

"O mais comum hoje é isso: o cara abre o site fora, porque é muito fácil e é gratuito e ele pode permanecer sob certo anonimato. Aí ele tem normalmente o fornecedor, que vai para outros países adquirir os remédios, e ele fica agenciando o negócio pela internet", afirmou o chefe da Interpol no Brasil.

Segundo ele, os medicamentos podem se originar de países vizinhos, como Paraguai e Uruguai, ou até países da Europa ou Ásia, como da região de Cingapura. "O que vemos mais aqui é o contrabando que chamamos de ‘formiguinha’. O pessoal vai para a fronteira do Uruguai e Paraguai, adquire esses medicamentos e vem vender aqui pela internet", disse.

"O papel do escritório do Brasil da Interpol é oferecer toda a estrutura, principalmente a base de dados, para que a unidade específica da Polícia Federal fossa atuar", afirmou Navajas.

Ao menos 76 pessoas foram presas ou estão sob investigação no exterior. O valor dos medicamentos apreendidos em outros países é estimado em US$ 2,6 milhões. Esta é a terceira vez que a iniciativa é realizada em nível internacional; da última vez, em 2009, 25 países participaram da operação.

Fonte: Gazeta do Povo