quarta-feira, setembro 15, 2010

PF vai investigar denúncia de lobby na Casa Civil

Thomaz Pires

A Polícia Federal decidiu abrir inquérito para investigar a denúncia de tráfico de influência na Casa Civil envolvendo Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Segundo o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a ministra não será investigada porque, segundo ele, Erenice "não está diretamente envolvida nos fatos". Como ministra, ela só poderia ser investigada com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro disse que a PF vai investigar se o filho de Erenice praticou tráfico de influência ao fazer lobby, em troca de uma "taxa de sucesso", para uma empresa aérea obter contrato com os Correios. A denúncia foi publicada no último fim de semana pela revista Veja. O envolvimento da ministra no caso também será apurado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Por meio de nota oficial (veja a íntegra abaixo), Erenice voltou a rebater hoje (14) as denúncias da revista. No comunicado, a ministra alega estar sendo vítima de uma campanha difamatória.

"Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um 'fato novo' que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado", disse a chefe da Casa Civil, sem citar o nome do adversário tucano, José Serra.

A ministra afirma ter encaminhado aos ministros da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, e da Justiça, Luiz Paulo Barreto, pedidos para a abertura de investigações sobre as acusações publicadas pela revista. Segundo a reportagem, o filho de Erenice, Israel Guerra, intermediou a renovação de contratos milionários para empresas em troca de propina após a confirmação dos negócios.

A ministra classificou as acusações de “mentiras” e disse esperar celeridade nas apurações e confiar na competência das autoridades. Segundo ela, a reportagem é a “mais desmentida e desmoralizada das matérias publicadas ao longo da história da imprensa brasileira”.

A nota alega que a reportagem divulgada pela revista faltou com o compromisso ético jornalístico. “Lamento, sinceramente, que por conta da exploração político-eleitoral, mais que distorcer ou inventar fatos, se invista contra a honra alheia sem o menor pudor, sem qualquer respeito humano ou, no mínimo, com a total ausência de qualquer critério profissional ou ética jornalística”, escreveu.

Hoje pela manhã, o presidente Lula se reuniu com ministros para discutir o assunto e a violação de dados sigilos da Receita Federal. Também nesta terça-feira, o DEM pediu que a Procuradoria-Geral da República apure as denúncias contra a ministra da Casa Civil.

Lei a nota de Erenice Guerra:

NOTA Á IMPRENSA

1. Encaminhei aos Ministros Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, e Luis Paulo Teles, da Justiça, ofícios em que solicito que se procedam todas as investigações necessárias no sentido de apurar rigorosamente os fatos relatados em matéria publicada pela revista Veja, em sua edição mais recente, e que envolvem tanto minha conduta administrativa quanto a de familiares meus.

2. Espero celeridade e creio na exação e competência das autoridades às quais solicitei tais apurações.

3. Reafirmo ser fundamental defender-me de forma aberta e transparente das mentiras assacadas pela revista Veja. E assim o faço diante daquela que já é a mais desmentida e desmoralizada das matérias publicadas ao longo da história da imprensa brasileira.

4. Lamento, sinceramente, que por conta da exploração político-eleitoral, mais que distorcer ou inventar fatos, se invista contra a honra alheia sem o menor pudor, sem qualquer respeito humano ou, no mínimo, com a total ausência de qualquer critério profissional ou ética jornalística.

5. Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um "fato novo" que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado.

6. Pois o fato novo está criado e diante dos olhos da Nação: é minha disposição inabalável de enfrentar a mentira com a força da verdade e resoluta fé na Justiça de meu país, sem medo e sem ódio.


Erenice Guerra
Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República

Fonte: Congressoemfoco